Lembra?

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Lembra de alguns sonhos encaixotados? Do poder do recomeço. Da força que pensamos não existir até que a coisa aperta e a gente se toca que tem que continuar vivendo, custe o que custar. Do banho de cachoeira naquela cidadezinha do interior do interior onde só existem passarinhos e mato. Das noites de verão chuvosas que vocês ficavam jogando canastra. Do gosto daquela fruta esquisita que só tinha na casa da sua avó. Das balas que você ia comprar naquele armazém e que tinham gosto da infância. Do jogo de taco-bola naquele beco que de noite ficava muito escuro. Daquele menino (menina) que você gostou e que era o grande amor da sua vida. Dos mil amores da sua adolescência, pois toda a semana havia um novo amor. E um novo choro. Da primeira vez que você tomou um porre e vomitou no meio da rua. Daquele dia lindo em que ele (ela) apareceu e disse que você era a única pessoa que importava no mundo. Daquele dia horrível em que ele (ela) disse que você era a única pessoa que não importava no mundo. Daquele estranho que foi a pessoa mais atraente que você conheceu, mas vocês se olharam uma vez e ele desapareceu no horizonte. Daquele filme que você nunca mais esqueceu. Daquela cena que você não consegue tirar da cabeça. De um sorriso que você nunca verá igual. Do perfume que você não esquece. Da sensação de estar de mãos dadas com aquele alguém. E de sentir a areia fofa e quente no meio dos dedos dos pés. Daquela rua estreita que você andava de bicicleta ao entardecer. Do seu primeiro tombo. Da dor do joelho ralado. Da primeira vez que você sentiu seu coração parar, aquela sensação mágica e indescritível de gostar de alguém. Da segunda vez que você sentiu seu coração parar, aquela sensação dolorosa e indescritível de sofrer por alguém. Dos lenços de papel espalhados pelo chão do quarto. Do seu coração espalhado pelo chão da casa. Do copo cheio de lágrimas. Da alma cheia de cores e alegrias. Do frio na barriga. Do corpo trêmulo. Do gosto do amor. Da pessoa que fez seu universo se arrastar ou correr demais. Daquela dança no meio do bar vazio. Do conforto do colo da sua avó. Da torta de limão que sua tia-avó fazia. Do cheiro das folhas das árvores da sua cidade. Dos seus traumas. Dos seus medos. Dos seus planos. De quem você foi. De quem você queria ser. De quem você é. Daqueles instantes em que você ficou olhando para um ponto fixo sem pensar em nada. E pensando em tudo. Lembra?
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