Clarissa Corrêa

Quer saber o que eu sinto? Isso não vai me afetar, não vai me afetar, pensei. Estava exausta aquele dia, não pude raciocinar direito. Hoje é feriado e tenho tempo livre para pensar. Tragédia, não? Quando eu penso, surgem coisas assombrosas. O fato é que sinto sua falta. Prova disso é que acabei de colocar pra repetir (pela quinta vez) uma de suas músicas preferidas. Sendo honesta, tenho quase todas as suas músicas preferidas. Ouvi, comecei a gostar e elas entraram no rol das minhas preferidas também. Assim como você: meu preferido. E único. Eu estava ali o tempo inteiro, sabia? Espero que você tenha percebido. Cada instante, segundo, minuto, cada noite eu estive ali. Eu e meu drama. Eu e minhas confusões. Eu e minhas soluções-miojo (ficam prontas em três minutos). Eu e meu lado quente. E eu e meu lado frio, como você disse algumas vezes. Não quero me despedir de você. Porque não quero que você se vá. Por favor, não vá. Troquei de música agora, coloquei a do Ben, meu bem. Não sei agir com a simplicidade de virar uma página e não voltar ali pra ler novamente ou apenas pra ver a ilustração da folha. Não consigo ser assim. Não dá pra riscar você do coração dessa maneira, ainda mais porque você entrou, sim, você entrou. E eu entrei no seu. E agora cada um vai pro seu lado, antes, a gente dá um sorriso e fim. Não! Porque não quero dar sorrisos. Meus sorrisos guardei pra você. É assustadora a idéia de não falar mais com você. E agora a minha garganta está doendo e eu não sei como vou dizer e fazer você ficar. Desculpa, mas você não vai conseguir me fazer calar a boca. Não era pra ter sido assim. Fico então com os sonhos na mão, a esperança e o elefantinho no bolso e o coração morto-vivo. Comprei seu perfume, não sei se é o certo, mas creio que seja. Borrifei nos meus lençóis e nos dois travesseiros que uso. Fico, também, com seu cheiro (posso?) como lembrança...enquanto você não vem.

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