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Amor desarrumado

Você dizia que o mais importante era amar e eu falava que só amar não bastava. Comi um ouro branco e você chegou devastando o meu coração. Me peguei rindo sozinha, lembrando das vezes em que gritei com você. Toda a vez que isso acontecia você tinha duas reações: ficava quieto ou me pedia para parar de gritar. “Não gosto que você grite comigo”. A voz era de tristeza. E depois caíamos na gargalhada, achando graça da minha forma histérica de demonstrar insatisfação. Pensando bem, você já me mandou calar a boca. “Cala a boca e escuta!”. Ou então dizia “escuta aqui, garota”. Você sabe que sempre odiei ser chamada de “garota”. Você fazia de propósito, com o forte intuito de me irritar. Detesto que me chamem de garota. “Mina, gata” também pertencem a essa lista. Você lembra? Sei que lembra. Memória excelente. Essa foi uma das coisas que aprendi com você.

Seu perfume foi embora daquela camiseta branca de gola V. Foi embora, mas posso senti-lo, lembro dele. E sinto você. Seu gosto. Sua presença. Nem preciso fazer meditação ou invocar a sua presença, sei que você acompanha os meus passos. E cuida o meu sono. E me dá a mão quando eu sinto medo de seguir em frente. Eu sei, queria dizer para você que eu sei de tudo, não precisa se esconder. Sei que você está aí. Sei que você está aqui, como um anjo. Longe, mas perto. Fora, mas dentro. Vazio, mas cheio.

Você diz que o mais importante é amar. E eu falo que só amar não basta. Nunca nos bastou...

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