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Eu gosto de ficar doente. Gosto do gosto, de não saber para qual lugar fugir e de me perder sem ter ninguém para me acolher.
Eu gosto de delirar de febre. Corpo quente. Testa suando, queimando, pelando. 39 graus e meio. 40. Convulsão.
Eu gosto desse troço que se chama amor. Esse negócio aí que nos faz caminhar rápido e recuar, manter o equilíbrio no muro alto, andar na ponta dos pés, sentir vontade de vomitar.
Eu gosto é do cheiro que a vida tem. A cada dia, hora e fração de segundo a vida se apresenta bem bela e sorridente com um novo cheiro, vezes bom, vezes ruim.
Eu gosto é de saber que existe gente careta que nem eu. Gente que levanta a bandeira peace and love, love and peace. E que no fundo, não tão fundo, morre de medo.
Eu gosto é de morrer de medo. Medo da vida, do amor, do desconhecido, de mudar, de sofrer, de ser feliz, de barata, trovão, medo de você, medo de perder o rumo, medo de lagartixa, medo de ter medo.

Eu quero é descobrir cadê meu lado fundo, não tão fundo. Tenho certeza que ele está ao lado, raso, ansioso e apavorado. Me esperando. Calma, já, já chego aí.
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