Quando dezembro chegar

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Meu desconforto começa quando você aparece. Não quero lhe desapontar, tampouco ser mal educada e/ou mal agradecida, não é nada disso. Apenas não gosto de você, quando sinto o seu cheiro meu estômago embrulha. Você me lembra a todo instante que talvez eu não tenha agido certo, você me faz acreditar que o mundo ainda pode se transformar, você faz com que meu lado criança e tolo reapareça. Dezembro, eu realmente tenho antipatia por você. Não bastasse toda aquela expectativa ao seu redor, existem os balanços. Para a frente e para trás, incansavelmente, sucessivamente, imaturamente. Lista dos bons e maus momentos, crescimentos, declínios, investimentos, conquistas, perdas, risos, lamentações, cansaço, fé. Fico tonta, me deixa descer? Mas Dezembro não deixa! Você é realmente mau. Ah, não gosto e pronto! Porque, junto com você, tantos questionamentos chegam? Porque o trânsito fica caótico? Porque há aquela overdose de Papai Noel pelas ruas? Porque colocam milhares de luzinhas pisca-pisca (horrendas!) em telhados? Porque milhares de pessoas se dão cotoveladas no supermercado, em busca do melhor peru? Natal não me agrada. Dezembro não me agrada. Retrospectivas me dão rugas. Lembrar que deixei alguns projetos engavetados acentua minhas marcas de expressão. Recordar que falhei me dá angústia. Recapitular os momentos excelentes e vitoriosos que vivi me dá nostalgia e saudosismo. Sou boba, não abandono a idéia de que as coisas podem melhorar no próximo ano, não largo a esperança, não solto a mão daquela voz que diz “vamos lá”. No fundo acho que sou igual a eles. Eu nem queria, até tinha um certo orgulho em ser diferente, mas percebo que nem tanto, mestre, nem tanto. Já que é inevitável: bem-vindo, Dezembro! 2006, pode ir, atropela ele e vai embora, cansei de você, estou pendurando as sapatilhas, boa viagem!
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