Nem sei mais em que esquina estou

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De repente ela chega e me invade, faz com que eu jogue tudo fora: certezas, dúvidas, promessas, resoluções. É, a esperança. A esperança me faz abrir os olhos, dar um passo para lá, outro para cá, me faz dançar em plena cozinha, me faz cantarolar enquanto descasco batatas.

Ela me puxa, me esfrega, me sacode, chacoalha e diz "vamos, anda, nem tudo está perdido". Só que eu sei, no fundo eu sei, no fundo eu sempre soube, o que começa mal termina pior. Porque você me faz crer em algo positivo? Porque diabos você me traz um sentimento de que sim, vai dar certo, basta ter paciência? Esperança, você não morre. Esperança, você não dá trégua. Esperança, você não descansa?

Com licença, me deixa passar, vai para lá. Eu quero respirar, quero virar a página, quero deixar para lá, quero deixar para trás e sorrir e viver e dizer que nada está havendo e que eu superei e que nem ligo para você e que nem te amo mais e que nem penso em você enquanto encosto a merda da minha cabeça tonta naquele travesseiro de penas com fronha de babadinhos bregas.

Você nem bate na porta. Chega e diz para mim que me pegou. Puxa o meu lençol e me olha com um jeito esquisito, dá uma gargalhada esquisita e faz movimentos esquisitos e fala que não faz cerimônia mesmo. É, esperança, já me dei conta: você é espaçosa. Você apronta demais e eu sigo acreditando em você, te conservo no meu peito e te guardo na garganta. Por quê?

Desenvolvi uma teoria: você me faz acreditar em manhãs melhores e em noites mais bonitas. Você me traz uma paz que pode ser de mentira, mas se faz verdade porque usa máscara. Estou te pedindo: jogue fora as máscaras e as táticas, mostre a sua cara, me diga quem é.

No momento só preciso de respostas. Chega de falsas ilusões.

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