![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjctOIg26y8zxZGCPRr9z299nxYE5IbczijZZ1i17XillEVLlFP3Xb6hrW2y3Za6RgxLF9nxn-oVCFG7SDR2GNAdAg_z9oj2mYWck797qiVuEncClNrjkJBCUYncJ-Tn7v9reAGCw/s320/gel%2520baldinho%2520de%2520gelo.jpg)
"Fico pensando se viver não será sinônimo de perguntar. A gente se debate, busca, segura o fato com duas mãos sedentas e pensa: "Achei! Achei!", mas ele escorrega, se espatifa em mil pedaços, como um vaso de barro coberto apenas por uma leve camada de louça. A gente fica só, outra vez, e tem que começar do nada, correndo loucamente em busca dos outros vasos que vê. Cada um que surge parece o último. Mas todos são de barro, quebram-se antes que possamos reformular as perguntas. E começamos de novo, mais uma vez, dia após dia, ano após ano. Um dia a gente chega na frente do espelho e descobre: "Envelheci." Então a busca termina. As perguntas calam no fundo da garganta, e vem a morte. Que talvez seja a grande resposta. A única."
(Caio Fernando Abreu)