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Não é que eu tenha perdido a fé, só não acredito. Deixei de acreditar em uma série de coisas e tenho um bom motivo para sustentar o meu argumento, quer ouvir? Depois que você faz uma coisa várias vezes e das mais variadas formas e nunca, eu disse nunca, dá certo, você joga a toalha, pois o cansaço toma conta. Não pense que sou uma criatura cheia de lamúrias e vivo nas trevas e não creio na existência de nada que vá além do que se vê por aqui, rá. Não acredito mais em coelhinho da páscoa, mas acreditei durante muito tempo. Meu pai colocava farinha no chão, para que a gente pensasse que eram as pegadas do coelho. Tinha a caçada ao ninho, ele fazia super mapas e escondia os ninhos, era legal. Divertido, mas como todo o freudiano vira e mexe culpa os pais, pai, sou chocólatra por tua causa. Eu adorava acreditar em papai noel, pena que durou pouco, com cinco anos e meio descobri que era o meu pai, de novo, que colocava os presentes embaixo da árvore. Será que isso traumatiza, pai? Acho que não, a maior parte das pessoas do meu círculo de convivência - amigos, conhecidos, desconhecidos, desamigos - soube a verdade sobre o papai noel, coelhinho da páscoa, fada do dente e o escambau por meios assim, muito similares. Uns pegaram o pai no flagra, outros viram a mãe voltando do supermercado com ovos de páscoa, e por aí vai. São todos criados a nescau e toddynho, rosados e bem desenvolvidos. Pelo menos fisicamente, já que o mental não pode ser avaliado. Não sou doida de tentar avaliar psicologicamente os meus. E tenho uma explicação para isso - percebeu que tenho explicação para tudo? - , quer ouvir? Hoje estou educada, pergunto se você quer. Mesmo que não queira, eu direi. Rá, nem tão simpática assim. Não consigo, lamento. Minha simpatia vai só até a esquina. A explicação é: não acredito que os opostos se atraem. Por isso nem quero contar quantos parafusos habitam as cabeças do meu povo. Ficou claro agora?
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