Deus existe?

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Tenho certeza que não sou a mais normal do mundo, mas acho que não sou a mais anormal que existe por aí. Ando um pouco cheia de tudo, sabe quando você tem consciência de que tem um zilhão de coisas para fazer? O óbvio seria preparar uma lista com todos os afazeres e cumprir com tudo bem certinho. Mas, sei lá quem me fez assim, não faço coisas certas. Não culpo o fim do ano, nem o fim da faculdade (posso colocar a culpa no fim do mundo? outro dia disseram que os et's iam dominar a Terra), nem o fim de nada, o que eu preciso é de começo. Começar a me organizar de uma maneira que eu me entenda. É muito difícil, será? Porque juro que não me entendo. E será que eu deveria?


Estou escrevendo - ou tentando - um livro infantil. Rá, logo eu. Adoro crianças, me dou tri bem com elas (usei o gauchês agora). Você sabia que é extremamente difícil escrever para o público infantil? A linguagem tem que ser simples, mas não dá para tratar as crias como bobalhonas, pois de bobas elas nada têm. Fica complicado não derrapar ou escorregar na abobadice. Estou escrevendo - ou tentando - um livro para a mulherada. Não, não é nada feminista, mesmo porque detesto as feministas. É um livro, apenas. E não posso falar mais a respeito do assunto, me perdoe. Agora você perguntará: e o outro livro? Bem, ele é de crônicas. Bem, quando eu tiver maiores informações passarei adiante, pode deixar. Vamos voltar ao livro infantil: que dificuldade! Ontem passei o dia inteiro diante de uma página de caderno. Volta e meia escapava uma frase, mas eu estava em um dia antipático, olhava para a Senhora Frase com cara muito feia, arrancava a folha e lixo nela. Detesto quando isso acontece. É a Síndrome da Página em Branco. Sou cheia das síndromes, mas a da Página em Branco fazia tempo que não dava as caras. Ontem ela me atormentou ao extremo, quase perdi as estribeiras e enchi ela de desaforos.


Já que as horas foram passando e nada acontecia, liguei a televisão. Eu odeio o ser humano. E o Brasil. E a justiça, que é lenta e nem sempre correta. Uma notícia me revirou a alma: uma menina de 18 anos, deficiente mental, ficava entre a cama e a cadeira de rodas. Perceba que a idade mental dela era de dois anos. Sabe o que aconteceu? O padrasto dela (desgraçado!) estuprava a menina no chão da sala, quando a mulher saía. Durante dez dias, uma vez ao dia. Ele contou, numa entrevista, que no comecinho ela chorava e depois parava, "acho que depois ela começava a gostar". Hein?!? Como assim, Deus meu? Depois o crápula, ao ser informado que ficaria preso, pediu "pelo amor de Deus, eu vou voltar pra igreja, eu estou arrependido, não vou mais fazer mal pra ela". Que tipo de pessoa é essa? Em que mundo a gente vive? O que leva alguém a cometer tamanha atrocidade? Fiquei chocada, revoltada, com dó, com ódio, com tudo.


Estupro é coisa muito séria. Não entendo que tipo de pessoa pode sentir prazer obrigando alguém a fazer sexo. Doença? Falta de vergonha na cara? Falta de capacidade para transar com alguém? Sei lá, pode ser tudo junto ou separado, tanto faz, o fato é que é revoltante, horrendo, nojento. Colocar um revólver ou uma faca no pescoço de uma mulher e obrigá-la a abrir as pernas é a situação mais horrorosa que já vi. O que me deixa de boca aberta é que esses malditos tocam no nome de Deus. Não sou crente, nem tenho religião formada, mas penso da seguinte forma: não faça uma cagada fenomenal e depois use o nome de Deus para limpar a sua barra. Teve um cidadão que ficou invocado com a ex-namorada e resolveu estuprar a filha dela. Detalhe importante: a filha tinha quatro meses. Você leu bem, quatro meses. E ele também falou em Deus. Como pode uma coisa dessas? Esses filhos da puta perderam a noção de tudo, de certo, errado, saudável, doentio.


Isso me faz pensar em uma questão mais antiga: as pessoas já nascem boas e ruins? O mundo está cheio de monstros, eles nasceram assim ou as circunstâncias fizeram com que eles se tornassem dessa maneira? Existe algo que defina que uma pessoa será boa ou má? Sei que existe todo um contexto social, econômico, cultural, mas gostaria de entender como esses desgraçados existem. Um outro falou que a culpa era da cachaça. Peraí, não me venha com essa. Ele, por óbvio, também disse que vai se atirar nos braços da religião. Isso é revoltante: a cadeia está repleta de assassinos, estupradores, ladrões, bandidos, filhos da puta. Todos eles, em um determinado ponto da vida, resolvem meter Deus na jogada. Deus não pode carregar essa gente nas costas, é peso demais.


Um garoto mora no morro, é filho de uma mãe faxineira e de um pai traficante. O pai é assassinado. O irmão dele vira aviãozinho e ele decide ir para a escola e ser um menino "direito". Invenção minha? Não, acontece. E por qual razão o irmão e ele são tão diferentes, por qual motivo eles seguiram caminhos opostos? Foram criados da mesma forma, tiveram acesso as mesmas coisas, receberam (ou não) o mesmo carinho e cuidado. Morar no morro, ser pobre, passar necessidade, nada disso é garantia de que um menino vá se tornar um delinqüente. Tem muita gente pobre batalhadora. Muita gente que mora coladinho com traficante que tem uma vida digna. Não podemos generalizar. O que eu quero mesmo é saber como pode alguém se tornar cruel a ponto de ferir outra pessoa, não entendo uma coisa dessas, por favor, me explique!


Depois me chamam de radical, mas eu sou a favor da pena de morte. E para mim o pior crime do mundo é o estupro. Não adianta colocar Deus no meio das merdas que já foram feitas. Se é para pensar em Deus, que pense antes de agir. Depois não resolve, por melhor que Deus seja, Ele não salva. Agora você me desculpe: se Deus perdoa um cara que estupra uma deficiente mental ou um bebê de quatro meses (ou qualquer outra mulher saudável e adulta), sinceramente, não sei que Deus é esse. "Somos todos iguais perante Deus" uma pinóia. Se Ele é capaz de perdoar esses malditos, para mim Ele acaba de deixar de existir.
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