Ideia amorzinho

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A Maga escreveu um texto amorzinho. Eu li e tive uma ideia amorzinho. É tanto amorzinho que você deve estar ficando enjoado. Não fique, por favor. Hoje cedo falei para o Francisco levantar exatamente onze vezes (sim, eu contei). Fazia frio, muito frio. A preguiça se mudou para o corpo dele e disse não-saio-não-saio. Tentei de tudo e não deu certo. Uma hora reclamei, poxa, eu levanto cedo, faço o café, tomo banho, seco o cabelo, arrumo a mesa e o senhor continua dormindo? E ele, com a cara mais sincera do mundo, disse "mas eu te dou o meu calorzinho de noite, te abraço". Eu ri. E juntei o texto amorzinho da Maga com a revelação matinal do calorzinho noturno do Francisco. Essa junção tem como resultado o texto que você começou a ler. 

O amor é engraçado. Você, que ama, sabe disso. Você, que ainda não ama e está super querendo, saberá. Tirando aquele bababá romanticamente meloso e gostoso, o amor é prova de fogo. Ele nos testa diariamente. A outra pessoa, como o nome já diz, é uma pessoa. Se veste com qualidades, mas usa inúmeros defeitos como acessórios diários. Você os vê todos os dias. E gosta. O outro pode roncar, deixar a torneira aberta, esquecer a hora, perder o rumo. Mas você fica, tem algo muito maior do que você e o outro que grita é-preciso-ficar. Questão de necessidade misturada com vontade. Porque quando você ama sente necessidade da outra pessoa. Não por dependência, carência e outras ências. Mas porque é bom estar ali, com o corpo junto, coração do lado, ouvindo a respiração naquele baile pé-pra-cá-pé-pra-lá. Você se sente de casa, abre a geladeira, coloca os pés em cima do sofá, você se sente renascido dentro daquele sentimento.

Logo no começo o universo é de descobertas. O jeito como se move, fala, pensa, age. Opiniões, coisas da infância, traumas, desejos. Descoberta é encanto. É querer mais e mais, beira o vício. Só que o tempo passa, a novidade vira rotina. Acho que é logo aí que surge uma esquina: você segue em frente ou dobra na próxima rua. Se você quer ficar é porque não encara a rotina como rotina. As pessoas acham rotina ruim, eu não. E digo que é rotina o seguinte: você saber que depois do trabalho vai encontrar o seu amor. Ter a certeza que nos domingos vocês almoçam na casa dos pais dele. Que no sábado à noite vocês saem com aquele grupo de amigos. Isso é rotina, é programação, planejamento a dois. É saber que todas as noites vai deitar ao lado daquela pessoa. Ela vai puxar o cobertor, se mexer, não se mexer, roncar, não roncar. Vai ser ela mesma. E isso basta para você. Mais: você deseja imensamente por isso, gosta, quer. Isso é rotina, é você saber que todos os dias vai sentir aquele cheiro, porque por mais que a pessoa use perfume, shampoo, desodorante, sabonete, ela tem o cheiro dela. E é aquele cheiro que te prende, delicia, tem gosto de vida. Isso é seguir em frente. Quando a tal "rotina" é cansativa e cheia de interrogações você dobra na primeira rua, quer se livrar daquilo.

O mesmo ocorre com os problemas. Adivinha por qual motivo as relações não dão certo atualmente? No primeiro probleminha "vamos acabar". Na primeira discussão, briga, desavença, atrito "vamos terminar, a gente não dá certo". Problemas sempre terão. O problema do problema é como você o encara. Você quer passar pelo problema ou quer apenas se livrar dele? Você quer continuar conhecendo quem está ao seu lado? 

Dia doze de junho está quase aí. Preciso dizer que o dia dos namorados no ano passado foi uma delícia. Lindo, inesquecível, vou lembrar para sempre. E espero que em 2049 ele seja melhor ainda. Mesmo que você continue com essa preguicite aguda todas as manhãs. 

Amar é entender as diferenças. E amá-las mesmo assim. 


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