Aquela que não acreditava

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Uma vez fiz meu mapa astral pela internet e dizia ali que, se eu quisesse, eles mandariam diariamente o meu horóscopo. Mal não faz, então aceitei. Não que eu seja uma escrava dos astros, se não sou Amélia nem de homem, não é qualquer astrinho meia boca que vai coordenar a minha vida. Topei pelo embalo, é que mulher é assim. A gente vive nos embalos de sábado, tanto faz se é dia ou noite. Falam que o tal shampoo faz crescer o cabelo, a gente acredita. Dizem que a meia-calça reduz as medidas em até dois números, a gente acredita. Por isso vivemos fazendo testes, como ratos de laboratório. Se fosse para escolher, queria pelo menos ser uma coelhinha, que é mais bonita e combina melhor com a minha falta de cor.


Em uma manhã nada cinzenta e de um agradável friozinho, a risada. Li o horóscopo e pensei putz, nunca mais leio isso. Os astros estavam malucos, o mundo tinha saído de giro. Coisas horríveis estavam na minha previsão. Duvidei de tudo e fiquei pensando se o creme que comprei diminui mesmo a celulite. Tsc, tsc, deixei de acreditar em Papai Noel há muito tempo atrás. Tsc, tsc, horóscopo é coisa para perdedoras. A manhã seguiu linda, amorosa e bem penteada. Almocei com uma tranquilidade absurda, muitos risos e sorrisos, diversão total em plena terça-feira. Mundo, eu te amo.


A tarde rolou numa boa, com direito a barra de cereal e cafezinho. O trabalho estava cuidadosamente vestido, alinhado, com sapatos novos. E eu estava experimentando uma paz de espírito que era boa, leve, pronta para ser dividida. Até que. Sempre tem um até-que-alguma-coisa-né. Até que. A primeira coisa que pensei foi putaquepariu. Horóscopo de merda. Filho de uma puta. Desgraçado. Ele acertou. E meu dia se transformou em uma tempestade sem data prevista para o solzinho surgir. Por isso eu sigo acreditando em creminhos milagrosos.
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