Não faltava mais nada

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Há algumas semanas eu recebi uma notícia pra lá de estranha. Vou explicar melhor, mesmo porque nem eu entendi direito o X da questão. Uma ex-colega-atual-amiga, vendo que eu andava estressada, envolvida no universo negro, brigando com todos sem causa definida, acumulando desafetos sem justificativas me disse assim "vou pedir pra minha avó te benzer". A avó dela benze as pessoas. Eu, que já fui em guru, cartomante, bruxo e em todo mundo que diz que prevê o futuro, fiquei com cara de ah, é. Tenho uma atração doentia pelo saber. Preciso saber o que me espera, o que acontecerá.


Ela falou com a avó, uma senhora que não conheço pessoalmente, mas pareceu ser um amor de gente, e ela disse que eu estava cheia de "quebrantes". Mais do que isso: ela, em sei lá quantos anos de trabalho benzedoral, nunca viu uma criatura com tantos quebrantes. Medo total, pânico, e agora, o que faço, como assim, hein?!? Não sou rica, não sou a mulher mais bonita do mundo, não vendo que nem o Paulo Coelho. Parei de buscar explicações, ela me benzeu durante três dias e, acredite, tudo começou a caminhar bem. Menos eu. Já explico o doloroso trecho da minha vida.


Sexta-feira, almocinho gostoso, queda violenta. Na volta do almoço, ploft, caí. Caí caída, tipo jaca quando cai. Nunca vi uma jaca caindo, só imagino. Caí tipo pegadinha. Em cima do pé. Agora você visualiza a cena: eu virando o pé e caindo com o corpo que não é corpinho em cima da pata traseira. Ai, dor. Fiquei mancando, trabalhei o resto da tarde, fui pra casa. Dorzinha. Então eu acordo sábado às quatro da manhã pra fazer pipi e, surpresa, o pé não consegue ficar no chão. Dor dos infernos. Já estou quase boa e medicada, mas eu caí e quase me quebrei. Foi feia a coisa. Ainda bem que ninguém viu, sim, nessas horas eu também penso nos outros, na vergonha, numa multidão rindo e apontando olha lá, ela caiu de madura e se estatelou no chão, olha lá, ela tá segurando o choro. Sim, tive uma vontade monstra de chorar, mas matei no peito, a gente precisa ser macha e encarar a dor de frente. Mesmo que saia mancando.


Pensei no quebrante. Será? Será que tem alguém com um boneco de vudu que faz tchá tchá em mim, me espeta e diz cai, desgracenta! Será? Não sei se acredito nisso. No quebrante garanto que acredito. Lembrei de uma coisa engraçada e esquisita. Há algum tempo fizeram um perfil meu no Orkut. Falso, claro. Fotos, o endereço do meu blog e bababá. É por isso que não tenho mais fotos no Orkut. Outra vez uma doida varrida resolveu me encher de lixo nos comentários do blog. O problema era pessoal. Tirei os comentários, acabei com a festa. Volta e meia umas pessoas sem noção copiam meus textos e trechos e não colocam os créditos. Ou fazem pior: copiam na cara dura e colocam o próprio nome ali. Desrespeito e desaforo. Então eu fiz um esqueminha aqui no blog: não dá mais pra copiar e colar (tente que você verá). Ontem mesmo tinha uma descarada com um blog descarado com alguns textos descaradamente meus e sem créditos. Suspiro fundo. Pensei que já conhecia todo o universo das coisas ordinárias quando, hoje, chega uma notícia: fake no Twitter. Meodeos. Foto minha, twitter com meu nome. E eu, definitivamente, sem entender.


Não sou rica, por sinal se você quiser o número da minha conta eu dou, tô com várias despesas no mês de agosto. Não sou a mulher mais bonita do mundo. Meu cabelo podia ser menos seco nas pontas, em dias de chuva ele podia colaborar com o meu humor. Minhas unhas, um dia vão inventar isso, poderiam ser feitas automaticamente. Olha que legal, passa um creme e a cutícula sai sem nenhum dano aos dedinhos, passa uma loção e as mãos ficam hidratadas, passa um esmalte e ele se autolimpa e autoseca em menos de 20 segundos. Seria uma belezinha. Vale salientar que isso é pra unhas das mãos e dos pés, é um saco fazer o pé no inverno. Com depilação podia ser a mesma coisa. Passa uma loção-não-fedida e todos os pelinhos do corpo dão adeus. No mundo real não é assim. A minha unha descasca, o meu pé tá por fazer, minha bunda podia ser mais dura e eu podia ter exatamente 12 quilos a menos. Campanha Bunda Dura Já. Eu também queria ser um pouco mais alta ou mais baixa, depende do dia. E também queria ter pé de princesa, porque 38 não é lá um número decente e superfeminino. Gosto de 34, 36, olha que delicado! E realmente eu não sou o Paulo Coelho. Se eu fosse, garanto, seria rica e teria a bunda dura. Mas aí o tal quebrante teria justificativa. É ou não é?
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