Bate bola

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"Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e às vezes difícil de lidar, mas se você não sabe lidar com o meu pior, então com certeza, você não merece o meu melhor."



(Marilyn Monroe)



Não que eu seja a dona da verdade, mas prefiro quando estou certa. Quem não é assim? Tão bom a gente poder falar com propriedade, fazer um cof cof, erguer o queixo, empinar o nariz e sair por aí pregando nossas pseudoverdades em murais imaginários. Melhor ainda é conquistar uma legião de seguidores fiéis, que se agarram em nossos terços e se ajoelham por nós. Já cansei de falar: gosto mesmo de confete, adoro quando concordam com o que eu digo. Não sei lidar com críticas, sou meio mesquinha quando o assunto é eu-eu-mesma-e-Irene-contra-a-parede.

Nem sempre estou bem-humorada e isso me incomoda um pouco. Coisas muito pequenas podem modificar o meu dia. Uma frase sua, por exemplo, que desça pelo canal errado pode mudar tudo. Sabe espinha de peixe quando desce arranhando? Certas coisas passam assim pela minha garganta. Algumas, inclusive, entalam no meu ouvido. Outras não consigo digerir nem com sal de frutas. Quando falo sou incisiva. Acho que todo mundo tem que ter opinião - e as minhas geralmente são fortes. Vezenquando entro em brigas erradas. Geralmente, entro pra ganhar. E seguidamente eu perco. Tenho pensado em não desperdiçar tanta energia no que não merece minha atenção. Mas sou curiosa e acho que preciso conhecer tudo. Me foco em coisas que eu gosto, tenho uma dificuldade absurda em manter a concentração em assuntos que considero bobos. Não gosto de política e não entendo bulhufas do assunto. Francamente, não sei como vários homens podem correr atrás de uma bola - e ficarem empolgados com isso. Acho o Gerard Butler um muso e o Leonardo DiCaprio feio de dar dó. Sei reconhecer quando uma mulher é bonita, mas confesso que procuro um defeito até na Megan Fox - sem sucesso, lógico.

Meu dedão da mão direita é diferente do da mão esquerda e durante muito tempo tive problemas com isso. Já fui a maior consumidora de Band Aid da face da terra, apertava o dedo até ele ficar do tamanho do outro (o coitado quase morria esmagado e o sangue não circulava direito). Você não deve estar entendendo nada: eles têm o formato um pouco diferente, inclusive a unha. Um dedo é mais gordinho e baixinho que o outro. Já o outro é mais esbeldo, dedo Gisele Bündchen. Sempre tive vergonha deles, o engraçado é que ninguém percebia, só as manicures. Eu já chegava mostrando olha-meu-dedo-é-diferente, pra que ninguém me olhasse como se eu tivesse alguma anomalia genética. Tenho uma machinha no pescoço, no lado direito. Quem vê de longe diz que é um chupão. Muita gente já me olhou esquisito, do tipo porra-essa-mina-tá-com-um-chupão-animalesco-e-ainda-sai-com-o-cabelo-preso? Já tive muita neura com isso, sempre andava de cabelo solto pra não ouvir nenhum tipo de gracinha maliciosa sobre o assunto.

Fiz de tudo pra estragar o meu namoro. Apareci horrivelmente descabelada e feia na frente do meu namorado no segundo encontro (sendo que, no primeiro, xinguei ele). Sabotei, encanei com coisas ridículas, coloquei o medo na frente de coisas mais importantes e deixei ele lá na primeira fila, com direito a pipoca e refri. Meu medo começou a ficar cansado, com dor nas costas. Então, lentamente, com muita autoterapia e conselhos ao pé do ouvido, ele resolveu mudar de cidade. Volta e meia manda presentes e vezenquando uns postais. Eu jogo tudo fora, mas quando ele vem visitar eu tenho que ser hospitaleira, meus pais me educaram direitinho.

Me sinto, frequentemente, uma farsante que escreve um monte de abobrinhas que ninguém lê. Então, abro minha caixa de e-mails e me delicio com cada carinho que recebo. Me sinto, frequentemente, como alguém que nunca vai conseguir uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. E quer saber? Eu nunca quis, sem mentira nenhuma. Não pretendo que a minha literatura vire um Best Seller. (Hello, se virar eu tô topando!) O que eu quero é sentimento, envolvimento, entretenimento. Eu quero é afrouxar um riso, extrair uma dor. Eu quero é que você use meu texto como espelho, que reflita, se enxergue, se entregue.

Me sinto, frequentemente, bombardeada por um mundo que não sei se suporto. Excessos e faltas. Sou movida por eles, por sentimento, sonho e lágrima. Tem gente que não entende meu estilo de ser e me doar. Para esses, eu digo que não vou desistir. Vou continuar, preciso continuar. Mesmo que o caminho seja cheio de lama, mesmo que pessoas-monstro apareçam: eu vou fechar os olhos e acreditar num mundo mais bonito. Eu vou abrir os olhos e viver um mundo mais bonito. Eu vou manter meus olhos na tela, meus dedos no coração e fazer do seu mundo um lugar mais bonito. Ah, eu vou!

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