Meu casamento.

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Canal Scene, Venice Italy by CX_Design.


Foto: CX_Design Flickr



Eu sempre quis casar, mas as coisas mudaram com o tempo. Não que agora eu não queira, é só que realmente as coisas mudam com o tempo. Antes, quando eu não tinha a menor noção do que significava o amor, quando eu não fazia ideia do que era um relacionamento, quando eu queria descer as escadas da minha casa dentro de um vestido de noiva, ah, antes eu queria. Achava bonito casamento, véu, grinalda, buquê, festa, champanhota, fotos, padrinho, madrinha, dêjóta, bolo, até noivinho estilizado em cima do bolo eu achava bonito. Daí eu fiquei sabendo o que era o amor e vi que ele não precisa de festa nem de testemunha pra assinar um papel.

Acho bonita a celebração do casamento, mas planejar uma festa dá trabalho e custa dinheiro. Hoje em dia não existe mais essa de o-pai-da-noiva-paga, tudo é dividido. Olha, se eu fosse fazer uma festa certamente faria A Festa, tudo lindo e perfeitinho. Então eu penso: gosto de coisa perfeita (não, né?)? Nas festas, por mais que você sue, planeje, contrate os melhores profissionais, sempre tem um que sai falando que o salgadinho estava com gosto de pum, que as passas do bolo estavam velhas, que a música era brega, que o seu vestido te deixou gorda (e por acaso branco emagrece, gente?). Não quero ninguém falando mal da minha festa nem de tudo que eu carinhosamente escolhi. Além do mais, o que importa é o amor entre o casal. Se amam? Então tá, é o que vale, pois um festão não é certificado de amor eterno, muito menos uma assinatura besta.

Também existe o Fator Sonhos Em Comum. Olha, casamento tem que ser consenso. Ninguém casa obrigado, amarrado. Tem que ser uma decisão do casal, comum acordo. Definitivamente, casamento não é prova de amor. A prova de que um sentimento existe está no dia a dia, através de gestos, olhares, dificuldades, pequenas felicidades, tédio, alegria estampada na cara e tudo mais. Tem gente que tem esse sonho, casar. Hoje, analisando o custo/benefício, vejo que não compensa. Dura uma noite, poucas horas. E depois só fotos para recordar. O vestido começa a amarelar junto com a lembrança de cada pedacinho da noite. Não quero isso, de verdade. Prefiro gastar o dinheiro da festa em uma viagem bacana.

Olha, eu quero casar do meu jeito. Não na igreja, não com uma mega festa. Quero um casamento pequeno, bonito, pra mim, pro meu amor. Precisa de mais? Não quero padrinho, madrinha e fruqui-fruqui. Por isso, vou começar a juntar dinheiro. Quero casar em Veneza, dentro de uma gôndola, eu e meus sonhos românticos virando realidade. Tem coisa mais bonita que a realidade de um sonho? Eu, o entardecer (tem horário do dia mais bonito que um final de tarde? céu bem colorido, azul, rosa, amarelo e branco), um vestido branco, algumas gotas do perfume preferido misturado com a liberdade dentro do peito, flores nas mãos, cabelo preso bagunçadamente calculado, flores na cabeça, All Star branco nos pés pra combinar com o vestido, algum padre, pastor, rabino ou qualquer autoridade casamenteira pra celebrar, champanhota pra comemorar. Depois, uma pequena reunião em um bar, só com os chegados (e se não tiver nenhum chegado passeando pela Itália pode ser desconhecido fazendo papel de figurante) ao ar livre, decorado com muitas velas e amor. Uma comida gostosa, alguém pra oficializar a união (agora entra a parte da autoridade casamenteira da lei). Acho bonita essa coisa de adotar o sobrenome do marido, eu quero. Alguém pra servir de testemunha, pode ser um transeunte, sem problemas. Casamento é coisa de dois, não de quinhentos. Prefiro a simplicidade do momento.

No final, brindes e beijos. E a alegria e magia de Veneza.


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