Corações traiçoeiros e imundos

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* Imagem: Reprodução.

Depois de tantos silêncios, resolvi voltar a conversar comigo, ainda que mentalmente. Muitas vezes fico assim, recostada em mim, pensamento longe, coração andando devagar e analisando cada cenário que passa em câmera lenta, a vida em preto e branco. Não foi difícil nem tenso, foi diferente.

A gente se depara todo dia com um novo eu. E esse eu é só o que você é e nem sempre vê. Ou é o que você realmente vê e quer esconder. Não nego: fujo um pouco das coisas. Mas não adianta tapar os olhos, gritar, invocar os santos. A vida é agora. E você precisa correr, resolver, decidir. Era pra eu ter crescido antes, mas não consegui. Quis esticar ao máximo algumas etapas. Inconscientemente, me boicoto. Por quê? Por quê? Freud não explica, muito menos anjos e demônios. Resolvi colocar a verdade na frente dos meus olhos: tenho medo. Medo da vida, medo dos dias, medo de encarar que as coisas podem dar certo. Eu mereço, sim, eu mereço. Mereço cada coisinha que conquisto na minha vida. Entendi que nada vem de graça, por mais que você tenha bons contatos ou um rostinho bonito. Ninguém te dá a mão, ninguém te ajuda. Cada um quer saber de si, de salvar a própria pele, de se dar bem e aparecer no jornal com um sorriso branco. O mundo não é assim como eu penso. Coisas piegas, como uma flor, um bilhete, um cartãozinho ou um beijo me fazem bem.

Não quero ganhar milhões, quero ter uma vida confortável e me permitir pequenos luxos. Mas pequenos mesmo: viajar para lugares diferentes, comprar alguns creminhos, perfumes, sapatos e bolsas. Só isso, nada de diamantões e palácios, nada de carro importado com banco de couro. Fico pasma como tem gente que adora aparecer, fico chocada com a capacidade das pessoas de colocar o interesse na frente de tudo. Pessoas efusivas que dizem que amam todo mundo e têm zilhões de amigos me cansam, me dão sono, preguiça e olheiras. Mas descobri que não preciso brigar, falar o que penso, enfiar o dedo na cara, desejar o seu mal ou falar o quanto você é uma cretina para todo mundo. Vou deixar a vida te ensinar. O que quero é que você vá para bem longe com sua felicidade falsa, seu coração vagabundo e sua inveja fantasiada de anjo. Pensei que conhecia muita coisa no mundo, mas vi que não: ainda não tinha conhecido uma pessoa tão baixa e ordinária como você. Vou confessar: sua maldade e poder de manipulação me assustam. Impossível pensar que um dia fomos amigas. Fiquei abismada com seu jeito dissimulado. Você, apesar dos olhos claros, é muito, muito feia. Ainda bem que você nunca me conheceu de verdade, afinal, me mostro para poucos. Fica com as suas verdades, seus rótulos, suas mentiras desbotadas. O mundo está vendo quem é você, quem foi está voltando. Quem se enganou está recobrando o juízo.

Minha consciência é tranquila e meu coração é limpo. Por isso, prefiro ficar afastada de gente que passa a perna nos próprios sentimentos. Que trai, que distorce, que fofoca. Não te desejo coisas ruins, mas o mundo vai girar e vai te mostrar coisas que você não enxerga hoje. Tenho pena de quem vive um relacionamento mentindo, traindo e, principalmente, fingindo. Bom mesmo é ter sucesso e fazer contatos com as próprias pernas, sem precisar de estepe ou escada.

Tem gente que tem lixo por dentro. Tem muito coração cheinho de rato e barata por aí. Desses, quero ficar longe.

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