Algumas coisas são extremamente cansativas. Uma delas são as pessoas desocupadas. O ócio é muito triste. A cabeça vazia, dizem, é o paraíso para o diabinho que habita dentro de você. Aprendi desde cedo que a gente não deve fazer com o outro aquilo que não gostaríamos que fizessem com a gente.
Eu erro muito. Quase todo dia, pra ser mais específica. Mas durmo com a consciência tranquila, com a alma serena. Não faço mal pra ninguém, ninguém mesmo. Talvez eu magoe algumas pessoas sem querer. Talvez, não, com certeza. Ninguém é como a gente espera. E eu já entendi que inevitavelmente a gente magoa e é magoado. A grande questão é: você fez de propósito? Você encosta o dedo na ferida e gira? Você escolhe a dedo palavras ríspidas? Você é um grande filho da puta de caso pensado?
A intenção diz muito sobre você. É claro que de boas intenções o inferno está cheio. Mas o céu também está. No nosso coração só entra o que a gente quer. Na minha vida só fica quem eu escolho. Por isso eu digo: arrume o que fazer da vida. Um trabalho, um hobby, um blusão de lã para tricotar, afinal, o inverno está chegando. Arrume um amor, uma camisa para passar, calcinha suja para esfregar, panela para dar brilho. Arrume um jeito de dar sentido para a sua (vazia) vida. Arrume um tempo para promover um encontro com você mesma. Só, por favor, me largue de mão.
Aceito todo e qualquer tipo de críticas construtivas. Quer falar do meu texto, fala. Quer detonar um texto, detona. Quer dizer que não concorda, diga. Quer dar sugestões, dê. Quer desabafar, desabafe (sim, recebo diversos e-mails com desabafos, pedidos de conselhos, dicas, etc., etc., etc. coisas tristes, cômicas e surreais). Quer elogiar, elogie. Faça o que bem entender, só não perca os minutos da sua vida para me xingar, avacalhar, chinelear, espinafrar, falar mal de mim, me ofender, dizer que meu nariz é feio, que tenho que emagrecer, que sou loira burra, que nunca vou conseguir publicar meu livro infantil, que isso e aquilo. Sabe por quê? Porque você não me conhece, não sabe da minha vida nem de mim. E meu nariz é lindo, desculpa. E, sim, tenho que emagrecer mesmo, depois que comecei a namorar dei uma violenta engordada.
Quer saber meus outros defeitos? Vamos lá. Meu dedo da mão direita é feio que dói, meu dente entortou depois que meu siso nasceu (ou seja, meus anos de aparelho não adiantaram bosta nenhuma), tenho que usar aparelho de novo, minha bunda podia ser mais dura, eu podia ter menos peito, podia não ser tão branca, nem tão sardenta, meu cabelo podia ser mais meu amigo, meu pé podia ser mais bonito, meu quadril podia ser menos largo. Meu coração podia ser mais duro na queda, eu podia ser menos sensível e não me magoar tanto, podia ser menos braba, menos extremista, menos afoita, menos hiperativa, menos chata na TPM, mais rica, mais centrada, mais coerente, mais valente.
Satisfeita? Então da próxima vez não perca seu tempo comigo, já listei meus defeitos. Só não toque no nome de quem eu amo e não fale o que você não sabe. Tenho muitos defeitos, sim. E agradeço. Se não tivesse nada para melhorar minha vida seria uma desgraça. Agora, quer um conselho? Não torre mais a minha paciência. Tem gente que precisa de um tanque cheinho de roupa pra lavar. Ou dar meia hora de bunda por dia. Quem sabe assim para de encher o saco dos outros e arruma um sentido para a vida.