Era pra ter sido muito diferente. Mas não foi. E a gente tem que se acostumar, se habituar, se moldar ao que acontece na verdade. Tem uma diferença grande entre o sonho e o mundo real. No sonho tudo é mais bonito (será?).
Um dia eu quis casar vestida de noiva. Vestido branco, sapatos caros, maquiagem suave, unhas clarinhas. Gosto de esmalte vermelho e sombra preta. Já tem algum tempo que deixei o salto alto de lado. Eu sei, eu sei que as mulheres ficam mais elegantes, bonitas, atraentes. É que uma hora parei de usar. E agora pra voltar é uma luta, uma dor no dedinho e no dedão. Mas eu sei, eu sei que dá um up no visual. Eu sei, eu sei, apesar de adorar o conforto do All Star e da sapatilha. Eu sei, eu sei. E um dia eu quis uma festa enorme. Mais de duzentos convidados, familiares, vizinhos, ex-professores, parentada reunida. Queria vídeo, queria discurso, queria toda aquela tradição que envolve o momento do sim.
A gente sabe quando encontra a pessoa certa. Tem gente que diz ah-eu-pensava-que-tal-pessoa-era-a-certa-e-depois-vi-que-não-era. Mentira. No fundo a gente sabe. A gente sempre sabe. O que falta e o que completa. O que abriga e o que desperta. O que protege e o que afugenta. A gente sabe, a gente adora fingir, mas a gente sabe. Porque a gente sente. Lá no fundo, lá dentro, lá na alma, lá.
Encontrei a pessoa certa. E misteriosamente aquela vontade, aquele sonho todo foi embora. Não quero mais uma festa enorme. Pra quê? Por que vou convidar uma quantidade absurda de gente? Infelizmente, em festas assim a gente convida "por educação", pra não ficar chato. E eu sou do contra. Não vou convidar pra não ficar chato. Vou convidar porque quero a pessoa dividindo aquele momento, aquela felicidade. E me pergunto: vou gastar muitos mil reais por uma noite? Ok, eu sei, é inesquecível, é isso, é aquilo, mas é uma noite e muitos mil reais que poderiam ser investidos em viagens. Sempre penso nas viagens, deve ser porque adoro viajar. De olhos abertos ou fechados, tanto faz.
Fiquei me perguntando: será que eu queria um alguém inventado em um mundo inventado ou será que eu queria um alguém real? A gente confunde tudo diariamente. Tem gente que se desespera pra ter alguém. Outros tantos (era o meu caso) querem tanto uma perfeição que acabam não enxergando o mundo como ele é. Nada é um conto de fadas. Mas você pode encontrar o seu príncipe, sim. Do jeito dele.
Muita gente acha que morar junto é casar. Eu não acho. Casado, pra mim, é no papel. É com aliança. Não sou casada, moro junto. E tenho União Estável. Segundo os advogados, ter União Estável e ser casado dá praticamente no mesmo. Eu não acho. Casado é casado. É levar o sobrenome. É assinar o papel. É dizer que olha-sou-tua-mulher-você-é-meu-marido. E é isso que eu quero. Não hoje, não amanhã, mas um dia. Sem aquela festa, sem aquele agito. Mas com amor. De branco. E talvez pés descalços. Talvez na praia. Talvez numa ilha. Talvez em uma montanha. Em um lugar lindo, romântico. Em um lugar onde a realidade pareça sonho. E seja muito mais bonita do que tudo que eu possa imaginar.
