Palavras soltas

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Olha, eu não sei direito o que sinto por você. Por que precisamos nomear os sentimentos? É bom estar ao seu lado, nós nos divertimos juntos, adoro o seu abraço, gosto de ficar pertinho, ouvir sua voz ao telefone, fazer coisas simples e bobas como olhar no fundo dos olhos, ganhar um pedaço de lasanha do seu garfo, sentir seus dedos ajeitando aqueles fios de cabelo que insistem em atrapalhar a minha visão e te ver de forma inteira, completa. O meu sentimento não precisa de nome, só precisa ser verdadeiro, assim como o seu.

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Não acho que as pessoas só valorizam o que têm depois que perdem. Mas acho que nem sempre estamos de olhos abertos. Nem sempre vivemos o presente com toda intensidade que ele merece. Nem sempre estamos atentos às nossas emoções. Vivemos esperando a tal felicidade, sendo que muitas vezes ela já entrou em nossas casas sem bater na porta e está sentada tomando um cafezinho esperando nós oferecermos biscoitos de polvilho.

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Desculpa. Desculpa por não estar ao seu lado nos momentos em que a minha mão tinha que ter segurado a sua. Desculpa por não ter te dito o quanto você é importante. Desculpa por ter deixado passar umas reticências da minha vida. Desculpa por não estourar garrafas de espumante com as nossas conquistas diárias. Desculpa por não ter secado as tuas lágrimas. Desculpa pela minha falta de jeito. Desculpa o meu egoísmo, a minha imensidão, os meus avessos. Desculpa por eu não ter achado as palavras certas.

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Amizade pra mim não é essa coisa que dizem por aí. É se preocupar com o outro, mesmo que ele não saiba da nossa preocupação. É querer o bem. É incluir nas preces. É desejar só coisas boas. É ficar feliz com a felicidade do amigo. É contar as coisas boas e ruins. É querer somar as alegrias, dividir as tristezas, multiplicar as conquistas e subtrair as coisas ruins. Amizade não é chamar de amiga pra lá e pra cá. É sentir que a outra pessoa quer - e sempre vai querer - te ver feliz e bem. Sem inveja, sem meias palavras, sem nada entalado na garganta, sem o não dito que tanto aperta o coração da gente.

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E eu achava que tinha esquecido tudo (tudo!). Seu beijo. Seu olhar. Seu rosto. Seu sorriso. Seu gosto. Sua mania de dizer que estou errada. Sua pinta atrás da orelha direita. Sua vontade de me fazer rir a cada vez que eu fingia que estava brava. Sim, eu fingia. Sempre foi impossível ficar brava com você. Mas eu inventava fúrias e brigas bobas para dar mais emoção. Emoção ao quê?, hoje me pergunto. Nós já vivíamos tudo aquilo que pode ser mais emocionante em uma relação a dois. O que mais eu queria?, fico pensando. Não sei, queria e quero sempre tudo. E por erros bobos ou por estar completamente distraída deixo a realidade bonita e pura escapar entre meus dedos como fumaça. E fico aqui. Sem seu beijo. Sem seu olhar. Sem seu rosto. Sem seu sorriso. Sem seu gosto. Sem sua mania de dizer que estou errada. Sim, eu estava, estive, estou. Mas agora já é tarde. Me perdoa.
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