Nossas páginas em branco

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Imagem: pedacinho do meu último livro "Para todos os amores errados"


Um vento fresco entrou pela janela. Ao invés de encostar o vidro coloquei o rosto para fora. Nesses momentos sinto a vida, pensei. Não que nos outros dias não sinta. Mas chuva e vento no rosto são duas coisas que me fazem bem. 

Tentei lembrar do antes. Daquela época em que eu achava que a vida podia ser intensa, bela, inteira. Hoje olho para dentro do peito e me pergunto: como ser inteira sem você? Meus pedaços foram arrancados, o que corre nas minhas veias é saudade. 

A saudade que eu sinto nem é de você. É do meu sorriso. É de como eu era feliz. E radiante. E cheia de esperança. Eu tinha aquela crença bonita de que tudo no fim dá certo. Sempre. E hoje eu sei que nem tudo anda nos trilhos. Vezenquando a realidade bate forte na porta e me mostra que as coisas muitas vezes dão errado. Mas, olha que curioso, elas dão errado para que a gente aprenda que nem tudo é linear. Não é carma, cruz ou o mundo pesando nas nossas costas frágeis. Vou te contar uma verdade: nada disso cabe em cima de mim ou de você. O fato é que nem sempre sabemos lidar com a frustração. Somos humanos, imperfeitos, hedonistas.

Querer e não poder dói. Sonhar e não realizar dói. Planejar e não acontecer dói. Tudo isso fere, corta, sangra. E não dá pra gente se debater e sair chorando feito criança pequena, pois grandes já somos. É preciso encarar, secar a lágrima no canto do rosto, seguir em frente. Gente grande segue em frente. E isso também dói. Dói saber que você é uma página virada. Ou arrancada. Dói saber que tudo, tudo mesmo virou nada. Mas o bom da vida é justamente saber que uma nova página sempre nos espera. Ainda bem.
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