Nossas pequenas ingenuidades

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"Eu fico com a pureza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita..."
(Gonzaguinha)


Se tem uma coisa que me orgulho é de ser criança. De acreditar, de falar aquilo que o coração diz, de não ficar cheia de dedos com as minhas próprias emoções, de simplesmente abraçar quando tenho vontade, beijar quando tenho vontade, falar quando tenho vontade, calar quando tenho vontade. É isso: fazer as minhas próprias vontades. Ser eu, sem nenhuma pretensão de ser uma pessoa diferente. Gostar de ser eu, querer ser eu, ficar confortável sendo eu. Tem coisa melhor? 

Nunca fui de fazer tipo e te confesso: já tentei fazer jogo, mas perdi. Perdi de mim mesma, pois não sei brincar disso. Prefiro a verdade, a honestidade, durmo melhor assim. Sabe aquela história de ah, vou fingir que não me importo? Pois é, não sei fazer essas coisas. Se eu me importo, me importo e mostro. Não tenho coragem de fingir para mim, porque quem sai perdendo nessa história toda sou eu. Não entendo direito quem fica se escondendo, quem diz não vou fazer isso para ele não pensar que. 

Olha, francamente, ele pensa o que quiser. Todo mundo é livre para pensar e achar o que tem vontade. Não vou me basear no que o outro acha: vou fazer o que meu coração manda. O outro é o outro e age como bem entender. Eu sou eu e todas as minhas ações são baseadas no que sinto. Definitivamente, eu não sou nenhum pouco racional. Vivo de acordo com minha intuição, com minha emoção, com meu coração, sou assim, cheia de "ãos". E, sim, já aprendi a dizer não. Chega de dizer sim para tudo, o não é extremamente necessário.

Minha essência é infantil, faço birra quando sou contrariada, não tenho vergonha de dizer que não gostei, gosto de algodão-doce rosa. Não fico nenhum pouco constrangida em dizer que tenho medo dos meus fantasmas, mas coloco minha máscara de monstro e boto eles para correr. O medo anda ao lado da coragem, aprendi. Sentir medo é natural, mas o que importa é o que você faz com o medo que sente. O medo não me paralisa mais. E isso me deixa confiante em tudo aquilo que virá. 

Procuro escutar o que meu corpo e minha mente dizem. Sei que eles não me traem, sei que ouvindo ambos tudo acaba bem. Também sei que muitas vezes vem a tormenta, a ruína para depois chegar a calmaria. São avisos que a vida dá, são (re)organizações que a vida faz, são aprendizados. 

É claro que eu já tentei endurecer, sem sucesso. Procuro preservar o meu lado que acredita, que sonha, que vê desenhos diferentes em nuvens, em portas, que descobre novos significados para as palavras que já existem, que inventa rimas simples.

Ontem, no meio de uma conversa com meu sobrinho de cinco anos, ele largou essa:
- Deus é menino e menina ao mesmo tempo.
- E quem é Deus, Theo?, perguntei.
- É uma pessoa que morre no Natal e nasce na Páscoa.
E eu sorri por dentro e por fora. Se as pessoas preservassem as pequenas ingenuidades com certeza o mundo seria um lugar mais tranquilo, com mais paz, respeito e amor.
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