Rapidinhas

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Acredito em interesse à primeira vista. Amor, não. Ele vem com o passar dos dias, com a convivência, com os segredos ao pé do ouvido, com as revelações diárias, com a aceitação do outro exatamente como ele é: imperfeito.


Como eu queria que existisse passe de mágica. Assim, num simples plim, tudo ia resolver. Trabalho, pendências, contas, roupas, vida.


Espero que eu conserve essa capacidade quase doída de saber ver com os olhos da alma o lado bom das coisas. Porque sempre tem.


Eu te desafio a reclamar menos do que não dá certo. E a sorrir a cada pequena conquista. A, ao invés de olhar sempre para a própria vida, virar um pouco a cabeça e enxergar o outro. A saborear cada passo e não te preocupar somente com a meta final. A, por mais que as coisas fiquem nebulosas, não endurecer. A entender que certos vazios fazem parte do processo. A não esquecer das delicadezas que importam tanto. A lembrar sempre que todo mundo tem uma força que só aparece na hora do aperto. E a se deixar enfraquecer às vezes. A ter consciência que ninguém está aqui por acaso e que precisamos ter objetivos concretos na vida. E a aceitar que nem sempre descobrimos quais são esses objetivos cedo. A nunca desistir de tentar e a não se esconder no primeiro não. A entender que sonhos são fundamentais para a nossa sanidade mental. E a não esquecer de quem nos acolhe.


Às vezes a vida parece uma casa limpa: todas as peças arrumadas, sem pó, com chão encerado, vidros transparentes, tudo organizadinho e cheiroso. E aí bate um medo danado. Deve ser porque estamos acostumados a ter sempre uma coisa fora do lugar, umas sujeirinhas que vão acumulando e ninguém vê, uma bagunça aqui e outra ali. Nem sempre sabemos o que fazer quando tudo está bom e belo.


Prefiro depender de mim, do meu esforço. Não gosto de estar na mão do outro, esperando por algo que foge do meu alcance. É muito ruim se sentir amarrado com uma corda forte e nó de escoteiro, sem poder se mexer, sem ter pra onde ir e ficar esperando uma pessoa vir te salvar.


Não adianta você ser inteligente e ter muito conhecimento na sua área se não tem comprometimento, seriedade, empatia e educação. Muita gente tem a faca e o queijo na mão, mas acaba estragando tudo por não ter uma atitude profissional. 


Toda vez que você se arruma, se perfuma e me dá aquele beijo rápido antes de partir meu coração diminui. Sinto uma vontade de pedir pra você ficar, mas dou um sorriso e aceno. Tchau, meu amor. Tchau. Vai, mas volta. Volta que aqui sempre vai ter café quentinho, olhar que te embala, abraço que te envolve e te traz a paz. Volta que aqui sempre vai ter comidinha feita na hora, uma coberta pra te proteger do frio, uma história boa pra te contar. Volta que aqui a gente constrói pouco a pouco um pequeno castelo cheio de sonhos, realidade e vida.


A gente percebe que aquilo é amor quando uma coisinha irrita, desgasta, aflige, incomoda e quase insulta, mas se desaparece ou brinca de esconde-esconda bate uma saudade imensa. Amar é sentir falta do defeito, do avesso, da parte suja, crua, impura.


Descobri uma coisa assustadora: tem gente que se ama tanto, mas tanto, mas tanto que não consegue ter a capacidade de olhar para o lado, para o outro, para o mundo, para algo que não seja o "eu, eu, eu" e o próprio ego. É assustador e uma pena suave, pois uma das maiores alegrias da vida é poder se dividir, se doar, se partir ao meio para o outro e receber amor inteiro e multiplicado.


Ah, como eu queria que as pessoas pudessem, ainda que por um dia, fazer tudo de coração. Sem cobrar, sem esperar, sem querer que alguém veja e aplauda. Ah, como eu queria não ter esse lado humano que faz porque quer, mas que espera alguma retribuição porque pensa se-eu-posso-fazer-o-outro-também-pode.


Irmão é aquele que te abraça na hora do medo. Que te ajuda a dar os primeiros passos. Que empresta o ombro, o colo, o coração. Que divide o pai, a mãe, o cobertor, o picolé, os sonhos, as neuras. Que empresta a jaqueta, o filme, a chave. Que brinca de dar susto, que dá bronca, que bate boca e depois abraça. Que oferece aconchego e palavras sábias. Que dá o exemplo e ensina que na vida o importante é a gente amar sem esperar nada em troca. E que nos dá todo o amor do mundo só por existir.


Até quando seremos tratadas como objeto? Até quando seremos humilhadas? Até quando sofreremos violência física, moral e/ou sexual? Até quando o mundo continuará machista? Até quando teremos que ouvir que uma mulher mereceu ser assediada sóporque estava de blusa decotada? Até quando sentiremos medo, repulsa ou vergonha? Até quando guardaremos segredos e nos sentiremos intimidadas? Até quando, meu Deus?


Que a gente saiba apreciar as pequenas vitórias. E não esqueça que o pensamento é a chave do bem-estar. Que a gente cuide da saúde e da alma. E gaste energia somente no que faz bem. Que a gente fique de olhos e ouvidos abertos. E não se deixe levar por fofoca ou intriga. Que a gente passe a se preocupar com o que tem fundamento. E deixe pra lá o que não acrescenta ou faz bem. Que a gente entenda que o silêncio é de ouro. E que nem sempre o que sai da nossa boca é bem interpretado ou visto. Que a gente comece a cuidar mais da própria vida. E exercite um pouco aquele egoísmo saudável. Que a gente vá até onde a força permitir. E perceba que sempre resta um pouquinho de força. Que a gente ame sem pedir em troca. E perceba o quanto isso é reconfortante. Que a gente tenha mais paciência. E perdoe os erros. Que a gente obedeça o coração. E não esqueça que é preciso manter pelo menos um pé no chão. Que a gente ache o caminho. E que se perca de vez em quando. Que a gente mantenha um sorriso na boca. E não esmoreça quando a vida fechar uma porta. Que a gente entenda que não dá pra abraçar o mundo. Mas dá pra abraçar algumas pessoas e fazer a diferença.
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