Por trás das dúvidas

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Não sei direito o que seria da vida da gente sem a palavra dúvida. O problema é que a dúvida nunca vem sozinha. Ela tem uma família imensa. Uma vai puxando a outra pela mão e quando você percebe está abrigando toda uma comunidade dentro da cabeça. Junto com isso, tem o supérfluo. Já percebeu a quantidade de pensamentos bestas que temos durante o dia (imagina durante a vida inteira!)? Muito do que pensamos é puro lixo. Orgânico, óbvio. 

Me pergunto até onde iremos com tudo isso. Até onde criaremos nossos próprios tormentos? É possível, sim, evitá-los. Basta mudar o curso de uma ideia que chega sem telefonar. Hoje em dia, você sabe, é muito feio aparecer sem avisar. Mas as ideias sem graça sempre aparecem do nada, sem trazer flores, uma garrafa de vinho ou uma vela aromática. Educação não é o forte delas.

Volta e meia a vida precisa de uma sacudida. É preciso tirar o pó da alma. Nossos pensamentos começam a ficar colados com fita isolante no corpo. É preciso desgrudar a vida, desinfetar, tirar o pó e passar um lustra móveis. Aquele círculo vicioso de pensamento que chega, se instala, toma conta e nunca mais vai embora precisa parar. Se forem intuições boas, soluções criativas e ideias geniais, ótimo. Sentem-se e fiquem à vontade. O problema é que esse conjunto de pensamentos só aparecem vez ou outra. Mas os chatos, os que incomodam, os bobos e feios todo dia querem nos invadir.
É preciso ter o mínimo de força, alguma coragem e um pouco de fé para não desistir. Para continuar lutando, tentando fazer o possível para se manter em paz, para buscar a calma que tanto falta quando um carro de corta no meio do trânsito, o vizinho não responde o "bom dia", o vendedor insiste em dizer que a camisa ficou bem em você (quando você sabe que ficou ridículo), seu colega de trabalho não perde a mania de mastigar chiclete de boca aberta, o seu marido diz que vai levar o lixo e esquece, o médico atrasa mais de uma hora, o cliente exige um prazo menor, o zíper estoura no meio do expediente, seu cachorro faz cocô em cima do sofá. 
Sabemos que ninguém é perfeito. Só precisamos aprender a compreender os erros dos outros se queremos que eles compreendem (e aceitem) os nossos. Falar parece tão fácil, eu bem sei. Na prática o negócio encrespa. Mas é fundamental tentar viver em paz, gastar energia no que merece e interessa. Sei que a gente vai perdendo a cor, a pureza, a magia. Também sei que sempre vão surgir vendavais. Eles nos mostram o quanto suportamos, trazem à tona a nossa força e mostram que a vida é mesmo frágil. 

O importante é cumprirmos o nosso papel aqui e agora. O amanhã é outra história. O importante é você fazer o melhor que pode, dar o melhor de si e entender que o que é material vira nada. O que vale mesmo a pena é procurar se transformar na melhor parte de você mesmo. Para o seu próprio bem e para o bem de toda a humanidade.
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