Não há acordo. Não abro mão de ser eu mesma. Bato o pé. Faço questão de deixar bem clara a minha posição. Pego o martelinho e "téc, téc". Caso encerrado. Não posso ser outra. É impossível me transformar em outro ser só pra te agradar. Me subornar, passar o golpe, me dar uma rasteira e um grande "migué". Não vou cair nessa. Nem, nem. Experimenta me desafiar. Tens coragem? Mudo fácil. Meu humor muda rápido. Minha personalidade? Jamais. Sou assim. Aham, desse jeito mesmo. Não vou me apunhalar, me enganar, me desapontar e me desorganizar. Ninguém muda ninguém. Portanto, não perde o teu tempo. Não desperdiça as tuas energias e a tua saliva. Fala, pode falar. Mas te adianto que não irá resolver. Te preserva, te poupa, te guarda. Se vais abrir a boca pra tentar impor condições ou fazer com que eu passe a ser a Srta-Perfeita...desiste. É tempo perdido.
Prefiro ser eu, errando e acertando, subindo até o céu ou caindo de um precipício do que me anular. Não vou ficar quieta e calada. Não vou ser Amélia, nem uma menina boazinha. Não vou assumir o papel de mulher-perfeita. Não quero. Não posso. Não devo. Não faz parte de mim. Não quero fazer curso de culinária e nem me dá um livro sobre como administrar uma casa. Joga no lixão o manual da boa moça. Não quero aprender a bordar. Quero ser eu. Quero gritar. Berrar. Dar gargalhadas. Chorar. Sair. Ver o mundo. Abrir as cortinas. Me transformar todos os dias. Por mim, não por ti. Quero evoluir, aprender coisas novas...não porque tu queres, mas porque acho que devo. Quero jogar no lixo a lista de melhorias do novo ano, a lista de coisas para fazer. Quero crescer. E quero regredir também. Colocar a cara pra fora e me esconder embaixo da almofada.
Não me pede pra ser outra pessoa. Não me força, não me empurra, nem me segura. Nunca serei a modelo de olhos verdes, sou a mulher de olhos castanhos. E nem quero usar lentes de contato. Não quero ter uma cara de Amélia-feliz. Cara de mulher faceira, que se conforma e aceita tudo bem quietinha. Cara de mulher amargurada porque é uma cobra mandada. Uma cachorrinha. Uma porta que abre e fecha. Uma besta que não tem boca pra nada.
Tu me aguentas? Eu sou eu. Com tudo que há em mim. Com meu lado preto, cinza, rosa e azul. Com minha cara amassada, amarrotada, descansada e maquiada. Com meu corpo perfeito e com celulite. Com rosto de boneca e dedo torto. Com sorriso largo e cara fechada.
Não tenta me mudar, nem me colocar numa redoma de vidro. Num mundo intocável, numa jaula, numa prisão. Sou um bicho livre. E, acima de tudo, tenho força. Personalidade. Se tiver que modificar algo em mim será por vontade própria. Não por vontade alheia.