Preciso me confessar. Eu pequei. Não me dá 200 Ave-Marias pra rezar, nem me pede pra ajoelhar nos milhos (acho que não estou muito situada no tempo, isso é castigo de pai-lá por 1920). Também não estou por dentro da absolvição de pecados, padre não te diz mais pra rezar mil Ave-Marias. O que importa é que eu pequei. E peco desde que me conheço por gente.
Vamos ao que importa, vou me confessar. Resolvi falar de mim e, conseqüentemente, abrir o meu coração. Dito isso, serei franca ao máximo. Clara como a água do Mariscal. Sou uma tremenda babaca. E ordinária. E nasci no ano errado (talvez num mundo errado?). E não entendo as pessoas. E não sei por que tenho que ter um coração. Tudo bem, até sei, se não fosse ele eu não viveria, mas ele me mata (contraditório, não?) e me deixa encurralada. Filho da mãe! Não tenho cérebro, tenho dois corações: um lá mesmo onde todo o ser humano tem (mesmo que não pareça, todo mundo tem) e outro no lugar do que era pra ser cérebro, entenderam?
Eu acredito no amor. De verdade. Mesmo. Pra valer. Mas adianta? O que vale a pena? Certo, tem um cara que é o máximo, lindo, querido, inteligente, bonzinho, cavalheiro...mas não te faz sentir n-a-d-a. Até gostas dele só que...falta alguma coisa. Muitas coisas. Falta vida. Falta o colorido. Falta amor. E a gente faz o que? Fica esperando que um lindíssimo e arrebatador romance aconteça ou fica com o cara-tudo que pra ti é meia-boca? Passa a vida esperando um amor-Hollywoodiano ou embarca num amor-paraguaio?
Essa minha mania de querer tudo ainda me mata. Mania estranha de achar que tudo tem que ser iluminado, coração tem que pular e tens que querer de verdade a pessoa. Até o fim da vida. Ou até durar o sentimento (se é que terá fim). Amor-paraguaio não tem emoção, é contrabando, minha gente! Dá cadeia. Xadrez. Sol nasce quadrado. Não é bonito, sincero, mágico. Não vem de dentro. Já o Hollywoodiano...sem comentários! Falta o que dizer e sobra emoção. Quando o amor acontece não existem questionamentos, interrogações, inseguranças, conflitos, dúvidas. Quando o amor acontece os mistérios são desvendados. O amor te dá a certeza. Certeza que tu amas de olhos fechados. Te deixa segura, tranqüila, pegas a mão do amado e deixa ele te levar pra onde quiser. Isso ocorre porque quando o amor é real a gente confia.
Eu vou continuar querendo tudo. Tudo, tudo. E tudo original. Quero ser livre, não consigo me ver atrás das grades. Sim, vou continuar sendo a babaca-romântica-ordinária. E seguir pecando.
Me perdoa. Prefiro Hollywood do que o Paraguai.
