Blasé

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Ando assim, meio blasé. Aliás, ando assim, meio tudo. Meio blasé, meio deprê, meio cansada, meio chateada, meio preocupada, meio assim e meio assado. É fase, eu sei. São momentos, eu sei. Eu seguro a onda, também sei. Força na peruca, fé no rebolado e peteca na mão, não é esse o nosso lema? Claro que é. Ou, maybe, tenha sido um lema que inventei pra me distrair, pra me divertir. Ainda bem que só me divirto com lemas sem nexo e teorias toscas e filosofias up. É, eu preservo as pessoas. E os corações alheios. Coração é algo que eu prezo e respeito. Assim como o outro. Mas respeito até ali, pisou na bola, viro bicho. E viro mesmo. E, quando explodo, não fico meio, fico tudo. Então acho melhor ninguém me provocar. Não, isso não é uma ameaça, quem sou eu pra ameaçar alguém? É só um comunicado: por favor, não me provoquem. Estou na minha, numa fase que nem eu sei que nome dar, meu telefone anda no silencioso, televisão desligada, som fora do ar, tô perdida de mim mesma. E quero ficar um pouco assim. Posso? Estou farta de ligações, do vizinho pedindo pra alcançar a bola que caiu aqui no pátio, da amiga que está afim de tomar veneno, da tia que bateu o joelho na máquina de café, de e-mails com piadas sem graça, de correntes, de convites pra sair e de gente no meu pé perguntando o que eu tenho. Eu não quero sair. Não quero ir na boate, nem tomar um café, nem ir ao cinema e nem nada. Não quero ouvir trim-trim e atender a merda do telefone! E não tô com saco pra ver ninguém. Nem lembrar de ninguém. Estou indiferente. Queria ter me esquecido, mas isso é impossível. Sinto sono, fome, frio, calor, cólica, coceira no pé, sede, dor nas costas, rinite, vontade de comer granola, necessidade de cortar o cabelo e tirar as pontas duplas, urgência em fazer as unhas e mais um bando de coisas, logo, é impossível me esquecer. Não tem como me tirar do mapa, a todo o instante, algo me faz lembrar que eu existo.
Ih, ela está depressiva. Não, não estou doente. E nem quero chamar a atenção. E nem nada do que muita gente pensa. Só quero sossego. Só preciso me recompor. Recarregar as baterias. Organizar as idéias. Juntar os pedaços dos pensamentos. Sintonizar minhas estações. Me mexer. Assumir, de vez, as rédeas da minha vida. Deixar o medo num lugar distante. E tentar colar as partes do meu coração que estão ali no meio daquela rua, dá pra ver?
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