O contrário do amor

By | 22:02
Os meus lençóis tinham o seu cheiro e o seu cheiro tinha o gosto dos meus sonhos. Perdi o olfato, meu paladar deixou de existir naquele momento. Eu admirava você. Ad-mi-ra-va. Você sabe o significado disso?



A nossa casa estava muito bem construída na minha imaginação. Almofadas, cores, sofá grande, cama gigante, nada de cortinas, livros, quadros, cd´s, dvd´s, partituras pelo chão, papéis espalhados, banheira do tamanho de uma piscina, incensos, velas, morangos. Nós. Nossas cadelas: Sophia Loren e Florbela Espanca. Na versão original nada faltava, nós nos bastávamos e o futuro era nosso. Esqueci do chocolate, me perdoe pela falha. Na nossa dispensa teria uma cascata de chocolate de todos os tipos e cores e sabores.



Eu parei na parte em que esqueci de perguntar se você queria tudo isso. Ou parei na parte em que você disse que não queria nada disso? Estou confusa, refresque a minha memória. Você me disse tantas coisas nesse intervalo de tempo (...). Eu sempre estive ao seu lado e você sabe, qualquer outra teria dado no pé, eu sou diferente. Eu sou valente, quero provar que posso, quero mostrar que sei, quero deixar claro que agüento e, principalmente, quero ultrapassar os meus limites e agir de acordo com o meu coração. Mas meu coração se engana, inventa e se embola todo no mundo encantado. Você me acha uma boba por isso.



Uma vez você disse que não queria me perder e eu lhe digo: você não ia me perder, eu queria mesmo ficar com você. Queria tanto que perdia o sono. Queria tanto que chegava a doer. Queria muito mais do que eu queria todas as coisas que eu quero ou hei de querer. Eu queria beijar você de todas as maneiras que eu sei (e que eu iria aprender), queria abraçar você e só soltar de vez em quando, queria transar com você todos os dias até nós ficarmos exaustos e sem forças, queria ouvir você e ensiná-lo a se abrir.



Por você e para você eu desculpei tudo (mesmo!) e procurei desculpas. Achei desculpas para tudo que você fazia e, tudo bem, achei desculpas meio chulas para mim também. Eu até nem me importaria em aprender a cozinhar! E eu nem iria discutir por essa mania arrogante que você tem de achar que está sempre certo. Eu faria as listas do supermercado para você (e até passaria as suas camisas!!).



Nosso lar nem foi construído e decorado e você derrubou tudo, estragando os meus desejos. Eu admirava você. Hoje eu te odeio.


PS. O contrário do amor é o ódio. Nos romances, o ódio é o amor de luto.
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial