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Ontem todos estavam comemorando o Natal, trocando presentes, tirando fotos da família, do pinheiro, da mesa e do primo mais velho fantasiado de Papai Noel. Nunca fui feliz no Natal, nunca entendi o motivo. Nem presentes me compravam. Nem aquela falsa alegria. Nem aqueles abraços semi-calorosos.

Se é para beijar, beija com vontade. Se é para abraçar, abraça mesmo. Odeio gente que só dá o rosto, não beija. Odeio gente que aperta a mão com mão mole. Odeio gente que abraça e dá duas batidinhas nas costas. Gosto do que é forte e verdadeiro. Do que dá a sensação de infinito.

Ontem eu pensei que quase ia ser feliz. A comida estava boa, ninguém escondeu passas em farofas (ouviram as minhas manifestações e deram bola para a minha rebeldia contra as passas, eca!), não teve nenhum abusado cantarolando música natalina. Estava tudo calmo, musiquinha ao fundo, pessoas animadas conversando. Champagne sempre me alegra, gosto das bolhas, minha língua dá cambalhota. Mas quase fui feliz. Lembrei de você. Pensei em você. Suspirei. Bebi mais. Senti saudade. Uma saudade apertada, suada. Saudade cantando Eric Clapton. Saudade com gosto de cereja. Comi doze cerejas e a saudade não me deixou.

Depois comecei a sentir uma solidãozinha. Um incômodo, um desconforto. Você não estava aqui. E, ao mesmo tempo, estava. Você nunca vai embora, sempre está dentro de mim. Eu estava bêbada, trêbada, quadrêbada. Uma quadrêbada saudosa e viajante. Escrevi coisas que não consegui traduzir, acho que quando bebo falo japonês. Indecifrável a minha letra. Mas eu senti vontade de fugir para perto de você e te abraçar bem forte, muito forte, até te deixar sem ar. Ficar ao seu lado, grudada, colada.

Fugir e abraçar e deixá-lo sem ar e colar em você e apertar e morder você e me tornar a Audrey Hepburn em Breakfast at Tiffany's, pra lhe dar aquele beijo molhado e apaixonado na chuva. Mas ontem não estava chovendo. E nem faz mal, a gente podia fingir.

Feliz Natal.
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