Bailando na rua

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Hoje eu estava colocando a chave no portão e ouvi a música do vizinho da casa da frente. Janelas abertas e som a todo vapor. Tango. Fazia tempo que eu não ouvia tango. Para mim tango é quente, dramático, melancólico, misterioso, envolvente e tem um constante clima de sedução. Descobri porque gosto tanto de tango: sou o reflexo dele. Enfiei a chave, entrei, fechei o portão. Mas algo me fez empacar ali. O normal seria eu subir as escadas, colocar a chave na porta e entrar em casa. Mas fiquei ali parada. Foi me dando uma vontade de dançar. Só que eu não podia dançar ali, eu estava do outro lado do portão. Pessoas, carros, guarda lá da esquina iam me tachar de maluca. Ainda existem os vizinhos. Vizinhos são perigosos. Mas eu, entre o pensar e a vontade, saí dançando. E comecei a rir de mim e dos meus desejos estapafúrdios.

Não faço a menor idéia do motivo pelo qual estou escrevendo isso. O correto seria rasgar a folha, talvez amassá-la e fingir que o cestinho do lixo é uma cesta e eu estou no meio de um jogo de basquete. Eu adoro um cesto de lixo, eles são os meus melhores amigos. Mesmo cheios de mim, não reclamam...voltando ao tango, acho que todo mundo tem que aprender a ouvir aquela melodia que vem de dentro para dançar nos pensamentos e, assim, deixar a alma bailar.
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