Tem gosto de quê?

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Imbecilidades. A vida está repleta de coisas imbecis, uma delas é a tal prova de amor. Se você me ama faça tal coisa. Se você é um amigo que gosta de mim, faça isso. Se você for, se você quiser, se você me amar me dará uma prova. Prova, até onde bem sei, eu fazia na escola. Estudava feito uma cachorra, mentira minha, não estudava nada. Sentava perto do nerdzinho da turma e colava. Ou então prometia um saco de balas. Ou fazia um pacto com a que anos depois veio a ser uma das minhas melhores amigas: ela era boa em matemática, eu era boa em português. Trocávamos as provas, tudo certo, todo mundo feliz, nossa nota era boazinha da Silva e a professora nos achava dois exemplos de inteligência rara.


Tinha também a prova de vestibular. Eu fiz alguns vestibulares nesta vida, por motivos que agora não importam. Oh, dúvida cruel. Algumas coisas eu pensava, outras eu lembrava e muitas eu chutava. O fato é: todos os vestibulares que fiz eu passei. Indicador de inteligência, oh, oh. Não sei, sempre tive uma sorte filha da puta. Demorei muito pra perceber isso. Tem muito valor você estar na hora certa e no lugar exato. Mais valor ainda tem se você sabe usar bem a sua graça e charme. Todo mundo tem um charme, acredite. Não precisa ser linda que nem a Eva Mendes, pode ter um charminho, 1/4 de graça, pronto, tá feito. No meu caso, lógico, é beleza, elegância, charme e tudo junto e reunido, valeu, minha gente!


Vencida a etapa-vestibular, provas na faculdade. Livros e mais livros. Prova é um instrumento usado para testar o seu conhecimento sobre um assunto X. O assunto também pode ser mais complexo, tipo assunto Y. Ou assunto-alfabeto-inteiro. O que eu quero dizer é que prova, pra mim, é isso. E ninguém pode mudar as regras do jogo (ou das provas) depois que o jogo já está em andamento. Ou depois que a prova começou. O que eu acho mais absurdo são as tais provas de amor. Não gosto de gente chantagista, você sabe a que me refiro. O amor não é só o amor romântico, falo também do amor entre amigos. Se você fosse minha amiga teria me defendido. Se você fosse minha amiga teria chorado junto comigo. Se você fosse minha amiga iria comigo até o fim do mundo.

Peraí. Amizade é liberdade. Sou sua amiga simplesmente porque quero. Sou cheia de defeitos, você também. Nossos defeitos simpatizaram uns com os outros, se tornaram amigos íntimos e é isso aí. Sem dramas ou expectativas bobas. Se você é minha amiga não precisa me defender sempre, eu também erro e sou grande e posso dar golpes incríveis nos inimigos. Não preciso ficar esperando você tomar as minhas dores. É claro que me sinto querida e protegida se você resolve encarar o problema como se fosse seu, mas entenda: se isso acontece nós estamos no lucro. Amigo mesmo não precisa chorar junto com você, desde que ele saiba a hora de lhe estender as mãos e oferecer os ombros. Tem amigo que perde a hora, perde o trem, perde tudo e tudo bem, eu repito muito que somos humanos. Somos humanos, somos humanos, logo, erramos e vezenquando fazemos coisas horríveis. Se você for meu amigo não precisa ir até o fim do mundo, apenas fique do meu lado quando eu precisar e quando eu não precisar também.

Já ouvi gente dizendo que se ele me amasse teria ido na festa do retiramento do gesso do pé da vovó. Amor, minha gente, é liberdade. Qualquer sentimento pra crescer - e até mesmo pra se encaixar e ficar confortável - precisa de ar. Vezenquando a gente se sente apertado e quando o aperto vai embora, alívio. Com o amor é a mesma coisa. Não é na primeira adversidade ou aperto que você vai chutar o balde, afinal, você ama - isso importa muito. Mas é preciso beber a liberdade, saborear cada gole. Se ele me amasse ele somente seria ele. É isso que eu e você temos que pensar. As pessoas são como são, sem provas, aliás, com provas. Quando uma pessoa consegue ser ela mesma, sem máscaras ou floreamentos, pode apostar: essa é a maior prova de amor - seja ele qual for.


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