Vou ser mãe

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Vou ser mãe, e agora? Essa é a pergunta mais frequente que circula em cabeças e barrigas femininas quando o resultado do exame é claro e objetivo: você terá um filho. Antes que vocês comecem a me parabenizar - e alguns se assustem: não estou grávida. É apenas um texto, não a minha vida perdida entre linhas. Eu apenas escrevo sobre coisas, não conto o que acontece no meu dia. Um texto é meu e não eu. Já falei bastante disso aqui, mas sei que escrever em primeira pessoa tem as suas glórias e inconvenientes. Tudo bem, eu assumo o que vier pela frente. Só quero dizer que não vou ter um filho. Apesar de amar crianças e superquerer ter filho (um, dose única), meu instinto materno ficou em estado de alerta porque acabei de fazer um anúncio para o Dia das Mães. Esclarecimentos feitos, próximo parágrafo.
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A primeira vez sempre traz uma ansiedade espetacular. Há algo de bonito e trágico nisso tudo, pois tem o medo de fracassar, de não dar conta, de se atrapalhar. A vida muda, pois é feita de ciclos. Um outro ser pequenino depende de você para tudo. E agora, será que eu consigo? Os seus problemas mudam, não é mais aquela velha equação: trabalho + família + vida social + amigos + amor + deixar a casa em ordem. Além disso tudo, um bebê. Uma criatura cheia de dobrinhas, descobertas, fraldas sujas e chorinhos noturnos. O sono muda e, junto com ele, seu corpo e hormônios. Você, antes de tudo, pensa em um outro ser. O egoísmo sai correndo pela porta dos fundos.
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Existe medo, pânico, impaciência, tempestade emocional. A gestação é um período conflitante, cheio de incertezas. A maternidade faz com que tudo se torne claro. Não estou aqui dizendo que os noves meses de gravidez são ruins e sacrificantes. Falo da filosofia maternal da coisa: e agora, e agora, e agora? Quem sou eu: mulher, mãe, o quê? Me tornei o quê? Acho que a mulher se questiona muito nesse período. Fica com medo de ser ou não uma boa mãe. Se pergunta o que é, afinal, ser uma boa mãe. Pensa na educação que teve, no que recebeu de bom, nas noites em que a própria mãe deixou de dormir para ficar lá ao lado dela. É uma fase de recordações. E de planos, muitos.
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A gravidez deixa uma pulga atrás da orelha. Mulher é antes de tudo mulher e agora é mãe ou sempre foi um ser incompleto com instintos maternos, pois foi feita para procriar e ter uma legião de rebentos? Não acho que todas as mulheres têm instintos maternos, conheço várias que não querem ter filhos. Muitas, inclusive, detestam crianças e passam mal só de pensar em fraldas com cheiro de cocô. Da mesma forma que conheço homens que não suportam nem ouvir a voz de crianças. Acho que não tem a ver com sexo, mas com vontade. Ou você quer ou não, simples. É claro que, se você for pensar, o corpo da mulher foi feito para carregar dentro da pança um bebê e blábláblá. Balela. Se fosse mesmo desse jeito, quase automático: olha, você tem um corpo que foi feito para isso, use-o, todas as mulheres do mundo iam querer filhos, certo? O corpo foi feito para carregar um bebê se a mulher quiser. Um "se" faz toda a diferença. O que conta mesmo, é o querer. Como sempre.
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