Coisas que a gente pensa

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Foto: Jorge Vilela.
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Não existe mistura mais explosiva que TPM e inferno astral. A primavera se aproxima e traz nos braços o meu aniversário. Adoro fazer aniversário. Os trinta chegam cada vez mais perto, o que de alguma maneira me assusta e liberta. Tudo junto, ao mesmo tempo. Essa sou eu. Hoje cedo li um oráculo cabalístico, não entendi muita coisa, mas segui lendo. Faço coisas assim, que não entendo. Mas sigo fazendo.

Repensei minha vida. Não ria, por favor. Você sabe que vivo repensando minha vida. Não sei se vou conseguir entender os meus diversos funcionamentos. No meio da repensação, percebi. Ah, chega um ponto que a gente percebe. Você passa a vida inteira procurando a tampa da panela. É inevitável, te colocaram isso na cabeça. Desde pequena você vê que a sua mãe tem o seu pai, sua tia o seu tio, sua avó tem o seu avô. Todo mundo se tem, quem não tem um par fica vazio. É por isso que a gente cresce querendo preencher espaços. E deve ser por isso que a gente se engana tanto até encontrar uma pessoa que ame as pontas duplas do nosso cabelo, que teima em enroscar em dias úmidos.

Não acho errado procurar alguém, é humano. O ruim é a gente achar que o outro é a salvação. É legal unir as vidas e os planos. Mas eu preciso sonhar os meus sonhos sozinha. A cabeça é só minha, o travesseiro também. E se algum dia tudo terminar, terminou. Uma vez ouvi dizer que o pra sempre sempre acaba. Não sei se é verdade, mas que pode, pode. Um dia, sem mais nem menos, ele pode se apaixonar por outra. Ou perder o interesse por você. Você, que era tão cheia de vida, que fazia rir e que ele amava tanto, pode virar só uma pessoa especial. Ele, que veio fantasiado de príncipe encantado, pode virar um homem comum. Ninguém está livre disso e o grande erro é querer aprisionar o amor. Colocar ele em uma jaula e dizer fica-aí-pra-sempre-não-fala-com-estranhos.

Não nego que sou possessiva. O que é meu, dá licença, é meu. E ponto. Mas o amor tem-que-respirar, senão ele morre. Então, se for para amar outra mulher, ame. Se for pra achar outra melhor, ache. Se quiser fugir, vá. A gente não luta com sentimentos. Se surgir sentimento e atração por outra pessoa, surgiu. Você não pode fazer muita coisa, a não ser chorar. E chorar demais deixa qualquer mulher feia, então chore, mas chore pouco, os 5 minutinhos, depois seque as lágrimas e vá fazer o que você mais gosta. O amor não nos dá nenhuma garantia, talvez seja isso que nos inquiete tanto. A gente não sabe o que vai acontecer no dia seguinte. É por isso que os meus sonhos eu preciso sonhar sozinha. Se algum dia eu estiver sem ele, eu continuo, não posso parar. Com ou sem ele, eu continuo. Ele não pode ser responsável pela minha felicidade, meu riso, meus planos. É injusto demais colocar o peso da sua vida na vida de outra pessoa. Eu tenho que ser feliz sozinha antes de ser feliz com ele. Ele vem pra complementar, pra trazer som, aroma, luz.

A gente não pode esquecer disso quando ama. É fácil, mesmo sem querer, voltar toda a atenção para o outro. O grande salvador, o ser amado. Hoje tudo está perfeito, amanhã pode não estar, mesmo porque novos caminhos surgem. Dentro dos caminhos, outros trajetos, rumos diferentes. Tudo pode acontecer. Não estou descrente, estou realista. São coisas diferentes. Quando você ama se hipnotiza. Faz planos, viaja pra mundos distantes, dá nome para os filhos e cachorros. Uma amiga fez isso, ia trocar de país, de mundo. Por amor. Sempre ele. Mas o danado do amor não quis assim e ela levou um pé na bunda internacional. Aconteceu com ela, pode acontecer comigo e com você. A gente tem que amar de forma realista. Não é ser descrente e encaixotar os planos, é ser realista. Vou tentar lembrar disso sempre. Confesso que pra mim é bem difícil, mas um dia - com sorte - eu chego lá.

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