Atravesse na faixa e triture bem as palavras

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Por mais que eu viva, não sei engolir palavras duras. Descobri que minha pele não aceita esse tipo de coisa. E por mais que eu seja forte, preciso admitir, não sou forte o suficiente para abraçar um mundo sujo. Gosto de gente clara. Sinto as pessoas, de longe. Não nego que me engano - ou que insisto em me enganar. Eu e minhas segundas chances. Já viu isso? Dou segunda chance para quem mal conheço, mas me castigo até o fim por deslizes em chãos escorregadios.


Não fale comigo de forma agressiva, mesmo que eu seja rude às vezes. Porque eu sou, entende? Entenda meu jeito - ou a falta dele. Alterno entre a sensibilidade e a aspereza. Nunca me entendi, apesar da análise e outras invenções do tipo, essas que foram feitas pra gente se entender. Ei, você acha que um dia a gente se entende? Acho difícil, é tudo tão complexo e muda muda muda muda muda com uma rapidez violenta. Nossos funcionamentos permanecem, mas se adaptam ao novo. É preciso se adaptar, senão vem uma moto numa velocidade absurda e te atropela. E, francamente, quero morrer de velha, por ter vivido intensamente - e não atropelada por uma moto chinfrim.


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