O pior aniversário do mundo

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Sempre fui radical e pensei assim: existem coisas boas e coisas ruins. Sem meio termo nem mais ou menos. De morno, só sopa - e olhe lá. É, é isso, acho que só engulo duas coisas mornas na vida: sopa e chá. É que já queimei muito a língua, entende? Eu falava do meu modo radical de viver, do bom e do ruim. Mudei minha forma de ver as coisas, sentei ao lado do Murphy e ele me contou ao pé do ouvido uma história. Então eu descobri: tudo pode ficar pior.


Existem coisas horríveis. Agora você vai dizer (já tô até vendo) que eu estou exagerando, devo estar com alguma espinha no queixo por causa da TPM ou minha calça não está fechando por causa da TPM ou alguma coisa ligada ao período tenso que todas nós passamos. Não. Um sonoro não pra você. Existem coisas horríveis, sim. Não vou ficar repetindo isso, o Murphy tem poucos amigos, se ele grudar em mim tô frita.


No meu aniversário, sabe-se lá o motivo, me sinto especial. É o meu dia, é um dia inteiro que me pertence, dia em que nasci, dia de riso e sorriso e abraço e felicidade que dá saltinhos dentro do peito, dia de gente querida falar coisa querida, dia de paparicos e coisinhas fofas. Aniversário é dia de ficar bem bela e sorridente, distribuindo carinhos com os olhos. Aniversário é tempo de não pensar em problemas, só chorar de alegria, emoção, só chorar por causa daquele calorzinho bom que dá dentro da gente quando a energia boa se instala. Aniversário, definitivamente, é dia de ficar alegre. Eu, que sempre gostei de assoprar velinha, entristeci. E foi a primeira vez, que fique claro.


Pode ser a crise mundial. Pode ser a crise que volta e meia se instala em mim. Pode ser minha inconstância. Pode ser o excesso. Pode ser a falta. Pode ser ele. Pode ser ela. Pode ser o pensamento. Pode ser a imaginação. Pode ser o que você quiser que seja. Eu sei bem o que foi, mas isso levo comigo. Guardo, escondo, descarrego, visto, sei lá. Uma hora sai, uma hora vai. É que de vez em quando a gente ouve uma coisa, diz a coisa errada e todas as coisas resolvem fazer um sinal obsceno pra você. Toma! Então você fica puta, o sangue sobe e o mundo que se foda. Pode ser tudo mentira o que eu disse até aqui.


Pode acreditar em mim? Pode ser que eu tenha ficado traumatizada com aquilo tudo. Pode apostar que, pelo menos, fiquei feliz com o seu gesto. À todos que me escreveram e-mails bonitos, mensagens de celular, que mandaram presentinhos, me deram um abraço ou me ligaram: meu sincero obrigada. OBRIGADA, de boca sorrindo no canto. Vocês são uns amores. Eu é que de vez em quando não sou. Pode ser isso.
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