Minutinhos de fama

By | 23:34

Uma vez eu disse que cada um sabe de si. Lembro que me lançaram um Olhar 43 Série B, que incendiou parte da minha vida. Cada um sabe de si, isso é uma lei. Só eu sei onde o calo dói, onde a calça aperta, onde o ferrinho do sutiã machuca, onde a calcinha entra na bunda, e uma vida de etc. Faço o que quero, não tenho que dar parte dos meus dias pra ninguém e assim caminha a humanidade. Tava bom? Agora troca o canal e coloca na vida real. É o seguinte: a vida é sua, muito sua, completamente sua. Mas a gente vive em sociedade. Existem normas, regras, leis. Ninguém pode sair pelado na rua. Ninguém pode chamar o preto de preto. Ninguém pode dizer tudo que pensa nem fazer o que dá na veneta. Mas uma coisa é certa: cada um sabe de si.


Eu sei o que digo, penso, escondo. Você também. E assim a gente vive, entre verdades, mentiras, suspiros, alívios, palavrões momentâneos, esquizofrenias temporárias, loucurinhas cotidianas e alguns segundos de fama. Quero falar da Geyse Arruda. Querida Geyse, o que foi aquilo? Eu, como mera espectadora, dou a minha versão dos fatos. Li e ouvi muita coisa a seu respeito, cara Geyse. Você está sendo notícia. Jornalistas escrevem textos, muita gente te defende, você ganhou até fã-clube. Eu entendo, ser "hostilizada" em plena universidade deve ter sido duro. Imagino os momentos de terror e pânico. Achei realmente um absurdo o que aconteceu. Onde já se viu? Uma mulher não pode usar vestidinho? Lógico que pode! No supermercado, na faculdade, na festa, no salão de beleza, no trabalho, em qualquer lugar. Não acredito que uma roupa vulgarize uma mulher. Prova disso é que existem mulheres belíssimas que usam vestidos curtérrimos, deixam pernocas de fora e são extremamente elegantes. A vulgaridade vem de dentro. Uma mulher vulgar consegue ser vulgar até com roupa de astronauta. É ridículo esse pensamento de o-que-ela-tava-querendo-afinal-usava-vestido-curto.


Uma ala machista da nossa sociedade pensa que uma mulher que usa decote ou roupa justa "tá pedindo". Pedindo o quê, meu senhor? Cada um se veste como bem entende. É claro que eu não vou trabalhar de microvestido, mesmo porque nem tenho corpo pra tanto. Falando nisso, amiga Geyse, achei que não combinou muito aquele modelito com o seu tipo físico. É que a gente precisa respeitar o biotipo, sei que você me entende (ou não, né?). Parece que a Playboy anda te sondando, ouvi boatos. Fiquei me perguntando se vão pagar hora extra pro rapaz que lida com o Photoshop.


Sinceramente, Geyse, pensando bem, não sei se tive tanta pena do seu caso. Foi horrível, esdrúxulo, inexplicável, um abuso! Falo sério, foi tudo de mais nojento que já tive notícia. Mas me causou um estranhamento gigante ver a sua postura pós-fato. Não, não acho que você devia ter ficado em casa chorando e alimentando rugas. Mas achei bastante inadequada, me perdoe a franqueza, a sua postura e forma de lidar com a situação. E se é pra ser bem honesta, seu guarda-roupa é de uma breguice sem fim. Sim, eu vi no Fantástico. Pelo menos uma coisa é certa: premeditada ou não, a fama veio de lambuja.
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial