Não tô gostando nada disso

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Todo ciumento que se preze tem ciúme do passado. Você concorda? Eu concordo. Não gosto do passado dele. Deve ser porque no começo do namoro uma desocupada me mandava e-mails que depois ficavam rondando minha mente. Explico: uma moça de família me mandava e-mails detalhando posições sexuais, preferências, gritos, sussurros e outros eteceteras. Isso não é nada legal. Nada bonito. Nada romântico. Nada saudável.



Quase enlouqueci. Ficava braba. Ficava com ciúme. Ficava imaginando as coisas. Ficava com nojo. É que de alguma forma a gente pensa que a pessoa só gostou da gente, só quis a gente, só gozou com a gente. Sei que é um pensamento bobo, mas quando a gente ama não quer dividir.



Os amigos do peito também ajudaram muito. Todo mundo tem um amigo do peito, né? Aquele que conta o passado inteirinho. Olha, quando o fulano era solteiro era bem saidinho. Olha, o fulano pegava geral. Olha, o fulano tava sempre na noite. Olha, o fulano era um puta galinha. Também tem a investigação que a gente faz por conta própria. Comunidades do Falecido Orkut, naipe das amigas, gostos, juntamos uma coisa aqui, outra ali e a merda foi feita. Rotulamos: fulano é um safado.



A gente esquece que também beijou na boca, que também era solteira, que também fazia festinha, que também isso, que também aquilo. E o fulano vira o sem-vergonha da história. E já que o fulano era um solteirão Don Juan você fica morrendo de medo. De tudo. De levar um par de guampas. De aparecer uma mulher mais interessante, mais gostosa, mais bonita, mais legal, mais inteligente, sem os defeitos que você tem e com outros defeitos. Epa, me enganei. No nosso imaginário a moça que aparece não tem defeitos, só qualidades. Peitão, sorrisão, bundão e outros eteceteras.



O que fode a nossa vida são os eteceteras. Tenho certeza. Não sei porque a gente imagina tanto. E se machuca tanto. Surge uma colega nova e a gente pensa meu Deus, será que é gata? Será que sem querer muito querendo ele dá aquela olhadela para o rabisteco da querida? Surge carne nova no pedaço e a gente sente a insegurança dar uma chave de braço. E me pergunto: por quê? Você ama ele, ele ama você. O passado existiu, já era, já foi. Você tem uma relação baseada no hoje, no respeito, no carinho, no amor, na cumplicidade. Ele não é idiota, não vai jogar tudo fora por causa de um par de pernas. Então, você pensa que é uma mulher forte, uma mulher linda, uma mulher amada, uma mulher bem resolvida, uma mulher com ême. E decide mandar o pensamento embora. Mas ele volta.



Conheço pessoas que não têm ciúme. E admiro, admiro mesmo. Já ouvi falar que ciúme é sinal de insegurança, que ciúme é imaturidade, que ciúme é bobagem. Já ouvi dizer que ciúme é prova de amor. Olha, eu não sei definir o que é o ciúme, só sei dizer que a gente fica meio cega, meio burra, meio surda e fala muita besteira. E depois se arrepende. Acho que um pouquinho de ciúme é saudável. Mas aquele ciuminho bobo, de frescurinha. Já li casos horríveis de histórias que terminaram muito mal. A gente tem que puxar o freio de mão quando vê que a coisa está indo por outro lado.



Confesso que sou ciumenta. Não sei se muito, não sei se pouco, não sei se dá pra medir o ciúme. Sei quando exagero. Nunca fui aquela ciumenta de fazer cena, de quebrar prato, de gritar pela rua. Odeio baixaria. Acho que a gente tem que resolver as coisas com uma boa conversa. Ele nunca me deu motivo pra ter ciúme. Mas ciúme é uma coisa inexplicável, você sabe.






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