As muitas faces da internet

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Adoro receber abraços bem apertados. Olhar nos olhos pra mim é fundamental, pois não gosto que não me olhem enquanto falo. Gosto de palavras inteiras, frases completas. Me incomoda quem manda um "bj", fala "blz" e diz "tks". Me manda um beijo de boca cheia, diz que a vida está uma beleza com todinhas as letras e me faz um agradecimento americanizado decente. Thanks.


Adoro a internet. E sem ela meu trabalho não teria tanto destaque. E com ela meu trabalho se espalha assustadoramente. É bem comum encontrar frases, trechos e textos meus em redes sociais sem créditos, como se fosse algo sem dono ou, pior ainda, como se fosse de autoria da pessoa que postou. Acho horrível. Antes eu ficava louca da vida, agora nem ligo mais. Se eu for me incomodar com isso vou passar os dias inteiros envolvida em isso-é-meu-coloca-os-créditos-por-favor.


As redes sociais tiveram um rápido avanço. Invadiram a vida das pessoas de um jeito intenso. Falo por mim: antes daquela citação do Pedro Bial eu tinha 1570 seguidores no Twitter. Ele citou a minha frase em rede nacional e mesmo sem dizer o meu nome o meu Twitter enlouqueceu. 2000, 3000, 4000, 5000 seguidores. Cheguei a ficar assustada com tanta visibilidade. E o melhor de tudo é que quem chegou ficou. Leram, gostaram, se identificaram e hoje o número passa dos 6400.


Uso a internet para pesquisa, para ler, para trabalhar, para me informar, para relaxar. Uso as redes sociais para divulgação e também para reencontrar velhos amigos e conhecidos. Uso o meu blog como ferramenta de divulgação. Sem ele você não leria meus textos. Ter um blog não faz de mim uma blogueira, conforme falei em um texto (e fui imensamente criticada). Também tenho um site, onde faço uma reunião de coisas: explico quem eu sou, falo em que redes sociais você me encontra, falo um pouco do meu primeiro livro e coloco algumas fotos, para você saber quem é essa maluca que escreve por aqui. Tem gente que usa a internet para os mais variados fins. E tem gente que usa para o mal.


A internet tem um poder impressionante. E é um excelente meio para divulgação. Só que ela também tem um outro lado, que acho muito ruim. O Orkut veio para a gente reencontrar o ex-colega da escola, poder falar com o amigo que mora bem longe, fuçar a vida do ex, postar fotos bizarras. Depois dele, surgiu o Twitter e o Facebook (estou falando apenas dos mais conhecidos). Lá, o povo faz fofoca, intriga, se promove, dá uma de bonzão, vive uma outra vida, dá lição de moral e faz outras atrocidades. Lá, o povo consegue manter contato com a primeira professora, o vizinho da avó, a tia que mora em Barcelona, até mesmo o cachorro da prima!


Como eu disse, uso as redes sociais com o intuito de divulgar meu trabalho. De quebra, troco experiências e referências. Falo com aqueles amigos mais distantes. Reencontro colegas que ficaram pelo caminho. Faço novos amigos. E acho ótimo. O grande problema é como as coisas são conduzidas e pra onde são levadas. A cutucada do Facebook tem alguma utilidade? Não vejo. Hoje em dia, a gente cutuca alguém ao invés de fazer um cafuné. A gente manda uma DM ao invés de dar uma ligadinha e dizer parabéns, tudo de bom. A gente manda um e-mail combinando um churrasco. A internet aproxima muito as pessoas. E também distancia.


Hoje em dia a gente combina tudo por e-mail, MSN, gtalk, Facebook, Twitter. Cadê o olho no olho? Cadê o cheiro? Cadê o colo? Cadê o calor? Cadê a proximidade? Quando vejo que estou exagerando na dose eu paro. As relações virtuais não podem substituir as reais. Pessoas não são computadores. Pessoas não são redes sociais. A gente vai além da tela, além da arroba, além do www.


É preocupante ver que muitos perderam o limite. Também acho bom o Facebook me lembrar dos aniversariantes do dia. Também acho bom o Twitter agrupar todas as notícias para mim. É claro que acho, é claro que uso todos esses recursos. A internet tem pressa, é rápida, te atropela. Ela não comporta um "você" e usa um "vc". Ela abrevia, atencipa, ela não para.


Tem uma coisa que não sai da minha cabeça: o que vai ser no futuro? Se hoje nós já estamos mais distantes, o que vai ser daqui a cinco anos? É bom a gente pensar nisso. E da próxima vez, ao invés de mandar uma DM para o melhor amigo combinando um almoço, dê uma ligadinha. É sempre bom ouvir a voz de quem é importante pra gente.
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