Eu, a balança e o balanço

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Minha inimizade com a balança vem de algum tempo. Tem momentos que a gente se acerta. Em outros a gente se afasta. Não sei dizer se é amor e ódio ou uma leve antipatia. Tudo bem, eu confesso: só gosto dela quando recebo boas notícias. Do contrário eu falo mal. Mas falo mal mesmo, pra todo o bairro.

Chega um ponto na vida em que a gente se pergunta se quer ficar assim pra sempre ou se quer mudar. E eu quero mudar. Quero parar com esse elevador balanceiro, que sobe e desce sem parar. Quero parar de ficar me enganando. Eu tenho que aceitar que nunca vou ser uma pessoa magra. Fui uma criança magra, uma adolescente magra. Até que virei adulta. E aí a balança ficou naquela dança do sobe e desce louca. Engordava, emagrecia. Engordava, fazia a dieta da sopa e emagrecia. Engordava, fazia a dieta da proteína e emagrecia. Mas depois tudo voltava, porque eu tava bem com meu corpo, veja bem, eu estava bem com meu corpo e com a autoestima nas alturas e então pensei ah, um pãozinho de queijo hoje, amanhã e depois não vão fazer mal. E eles foram parar na minha bunda. Todos, sem exceção. E olha que eram recheados.

Eu sei que nunca vou ser capa de revista. Mas, olha só, não é isso que quero pra mim. Eu só quero olhar para o espelho e sorrir. E ficar feliz porque aquela calça que trancava nas coxas entrou e ficou tão confortável que consigo até me agachar com ela. Mas neste momento a calça tranca nas coxas e isso me entristece. Não, não acho que o corpo é tudo. Mas acho, sim, que ele é a causa da metade dos problemas das mulheres. A outra metade é a falta de um amor. Enfim, estou supondo. Tem gente que está em um incrível caso de amor com seu corpo, ainda que imperfeito. Eu não. Estou lutando para mandar os quilos extras para bem longe.

Eu comecei uma dieta séria. Não aquelas que você faz, desiste, joga tudo para o alto e pensa dane-se. Eu comecei uma dieta porque quero emagrecer. Não pra ficar parecida com a Juliana Paes ou a Kim Kardashian (mas se ficasse não ia ser nada mal, hein?). Quero emagrecer para ficar mais saudável. E para me sentir mais bonita. E para usar biquíni, pois de maiô não vou para a praia de forma alguma. Tenho preconceito com maiô. Maiô lembra vovó na praia. Maiô lembra vovó de maiô preto ou marrom comendo churrasquinho e tomando cerveja ao som do Parangolé.

Não subi na balança pra não me assustar. Não sei quanto preciso perder, mas sei que é bastante. E eu já devia ter tomado vergonha na cara, já que tenho Síndrome do Pânico e, por causa dela, pressão alta. Tomo remédio para ambas. E quero parar. Emagrecendo, ajuda e muito, a diminuir a pressão arterial. Emagrecendo, vou me sentir mais disposta, mais feliz, mais bonita. Emagrecendo, vou preparar meu corpo para o que mais quero na vida: ter um bebê.

Acho que ser mãe começa antes do bebê começar a se formar dentro da barriga da gente. Ser mãe começa a partir do momento em que você tem um sonho. Ser mãe começa quando você planeja. Quando começa a pensar na cor dos olhos, no nariz. Quando começa a pensar se vai ter cinco dedinhos em cada mão. Se vai ser saudável. Se vai dar tudo certo no parto. Se o bebê vai nascer bem. Ser mãe começa quando você pensa eu tenho que estar saudável para receber um nenê aqui dentro. Aqui vai ser a casa dele por um bom tempo, por isso esta casa precisa estar em ordem, limpa, cheirosa, segura. Ser mãe começa quando o casal planeja o futuro. Ser mãe começa quando você pensa em parar a pílula. Ser mãe começa quando você prepara o seu corpo, se exercita, faz dieta, pensa em estar bem. Bem consigo mesma. Bem com a vida. bem disposta. Com a saúde em dia para poder, finalmente, andar de balanço junto com seu  tão desejado e sonhado filho.
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