Espaços visíveis

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Desculpe-me, amor. Talvez eu seja levemente incoerente, friamente exigente. De alguma forma a vida me fez assim. Pode ser pelo que sofri, as experiências que tive e os relacionamentos que vivi. Mas lhe digo com toda a franqueza que há no meu ser: não ficaria bem naquela sua prateleira de ipê. Não combino com a sua decoração, sinto que sou uma peça fora do jogo, uma carta que é desprezada pelos jogadores. Detesto me sentir dessa maneira, um sujeito sem predicado, uma oração sem objeto direto, indireto e substantivo. Sinto-me incomum. Sinto-me comum. Sinto-me esquecida no seu esquecimento. Lembrada na sua lembrança. Sou inesquecível, sabemos. Mas esqueço que você lembra e esquece. Atormenta-me e me enlouquece. Desculpe-me amor, infelizmente só sei te amar. Desamar. Compor-me. Recompor. Desdobrar-te. E tentar achar um espacinho aí dentro de você.
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