Aquelas coisas que a gente espera

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É inevitável, mas bem ou mal a gente sempre acaba esperando algo dos outros. Nem que seja um obrigado. Talvez a vida fosse bem mais simples, lágrimas fossem evitadas e corações fossem poupados se a gente simplesmente não esperasse nada. Mas a gente espera. Espera sempre. Espera pouco. Espera médio. Espera muito. O fato é que a gente espera alguma atitude, algum gesto, nem que seja abanar lá de longe, fazer um sinal de positivo com a cabeça, um sorriso com o olhar, alguma coisa (por menor que seja).


A falta de educação das pessoas é impressionante. Não sabem agradecer, jogam bituca de cigarro no chão, cospem chiclete no meio da rua, não limpam o cocô do cachorro, não se importam com o outro. Por favor, se importe com você. É bonito, é legal, é saudável. Mas se importe com o outro, com os outros, com o que você faz diariamente. Deite a cabeça no travesseiro tendo a certeza de que fez o melhor que podia naquele dia.


Não quero jogar no seu colo um papinho autoajuda, muito menos te convencer de que estou certa. É claro que normalmente prefiro estar certa. Mas isso não vem ao caso. Todo mundo está esquecendo de ser gentil, de abrir a porta, de segurar o elevador, de retribuir um bom dia, de fazer uma gentileza assim, gratuita, bonita.


Vou dizer que espero. Espero um retorno, espero educação, espero boa vontade. Penso: se eu faço o outro também pode fazer. Queria não me estressar tanto, não sonhar demais, não ficar esperando coisas mágicas. Mas sou assim, toda intensa, toda esperançosa nessa humanidade carente de atenção, afeto, carente de olho no olho, de cafuné e de compreensão.


A gente deve fazer sem esperar algo em troca, eu sei, nos ensinam isso desde pequenos. Mas me choco com pequenas coisas do dia a dia. Toda vez que venho para a agência, por exemplo, me assusto. As pessoas abrem a porta e não seguram, pois pouco se importam se a porta vai parar no meio da sua cara. Você coloca o cartão na roleta, passa e quem está dentro do elevador ouve o barulho da roleta, ou seja, sabe que tem alguém passando e mesmo assim não segura o elevador. O que é isso? Pressa? Correria? Está atrasado? Não, é mal educado mesmo. O mundo não vai terminar se a pessoa esperar 30 segundos. Fico besta com isso. E quando seguro o elevador para alguém, o que acontece sempre, as pessoas me olham e dizem: nossa, obrigada, aqui todo mundo entra e não espera o outro, né? É. E isso tá errado. Completamente errado.


A cada dia que passa eu observo com surpresa que os valores estão invertidos. Crianças se tornando adultas cada vez mais cedo, pessoas cada vez mais rancorosas, o mundo virando do avesso, ninguém se importa com nada, a não ser com o próprio umbigo. Isso me entristece e assusta. Por isso, vez ou outra perco a fé no ser humano. Mas aí vem um dia depois do outro e tento ver as coisas com um pouco mais de esperança, afinal, é o que resta para todos nós.
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