Para você

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Me lembrei daquela música "como vai você, eu preciso saber da sua vida, peço a alguém pra me contar sobre o seu dia, anoiteceu e eu preciso só saber...". A música é linda. Uma vez, ouvia ela e chorava, chorava, tem paixonite que faz a gente chorar com qualquer música bonita. E normalmente é de dor, não é de alegria, não.

Hoje eu escrevo para você, especialmente para você, que gosta de mim. Pretensioso falar isso? Me desculpa, mas não é. Sei que você gosta de mim, sim. Quer uma boa notícia? Também gosto muito, muito mesmo de você. Você, que me conhece ao vivo, a cores, sabe meu jeito de falar, sabe que falo com as mãos, sabe que minha risada é meio alta, sabe que sou assim, meio braba, meio doce, meio tudo. Você, que não me conhece, mas parece que me conhece, parece que vive aqui do meu lado, sentado, tomando um chá ou alguma coisa mais forte. Você, que nunca viu a cor dos meus olhos, mas sente cada palavra que escrevo com uma força imensa. Você, que ficou preocupado junto comigo. Você, que me escreveu relatando sua história. Você, que me mandou e-mail cheio de carinho. Você, que me mandou mensagem no Twitter, Facebook, vibrações positivas, recados queridos. Você, que mesmo sem me conhecer, pensou em mim e se sensibilizou. Você, que rezou por mim. Você, que colocou meu nome nos atendimentos à distância no centro espírita. Você, que me escreveu intensamente, como se eu fosse sua velha amiga de infância.

Não tenho como retribuir isso, pagar por todas essas coisas bonitas. Sabe, recebi uma corrente positiva, muito amor mesmo. E fico feliz com isso, fico feliz por fazer diferença na sua vida, por você gastar minutos do seu dia querendo saber como estou, por você se emocionar com alguma coisa muito minha, por você chorar sentindo o que senti. Isso é mágico. Isso é renovador. Isso me dá mais do que certeza de que escolhi o caminho certo. Isso me dá força para escrever. E vontade de continuar aconteça o que acontecer.

Hoje fiz meu exame. E o medo? Pense em uma pessoa morrendo de medo. Era eu. Minha mãe foi junto. Fiz a ecografia, o médico era um tosco. Me explica: por que existem médicos toscos? Sabem que a pessoa está nervosa. Sabem que estão lidando com a sensibilidade de uma mulher. E mesmo assim são toscos. Enfim, o médico tosco disse que meu seio, por ser grande, tinha muita gordura e por isso era difícil ver alguma coisa. Perguntou se já tinha feito mamografia, disse que não, afinal, tenho 30 anos e nenhum histórico familiar. E eu disse: você acha que preciso fazer? O bem educado respondeu: eu não tenho que achar nada, quem tem que achar é o teu médico. Ótimo, pensei, ainda bem que VOCÊ não é o meu médico. Peguei o resultado e levei para o médico. Peguei o resultado do preventivo e levei para o médico. Tudo certo com o preventivo, ufa. Tudo certo com a eco, ufa. Ele disse que é glândula, justamente porque o peito é grande, cheio, espaçoso. Então, forma umas coisas que ao tocar podem ser estranhas, mas são glândulas apenas. Tudo lindo. Um peso indo embora, muito rápido, a jato, voando das minhas costas meio cansadas e nervosas. Mas não parou por aí. Tive que fazer um pequeno procedimento, uma cauterização nos países baixos. Nada grave, coisa simples, mas que dói absurdamente. Por isso, hoje não trabalhei, estou em casa, deitada, aliviada. Não consigo andar direito nem sentar, mas isso nem importa: estou leve.

Em um momento de medo e dando uma de Mãe Dináh, falei para o Francisco: e se for uma coisa ruim e eu realmente estiver doente, tiver que tirar o seio e ficar careca (sei que é fútil, mas a gente pensa essas merdas)? E ele me respondeu: vou estar do teu lado, estou do teu lado e você vai ser a careca mais linda do mundo. Isso é o amor. E é bom a gente se sentir segura, amada, apoiada. Meus pais, sempre comigo. Minha mãe tocou no carocinho e disse: não é nada. É, as mães sempre têm razão. E você também, que me falou que não ia ser nada demais. OBRIGADA, maiúsculo assim. E obrigada, também, aos sem sensibilidade que me disseram "se for câncer você vai precisar ser forte". Não era, não é. Mas sou forte, sim. Sou forte de nascença. E sou forte a cada vez que percebo o quanto faço diferença na vida dos outros. Você, pode ter certeza, também faz muita diferença na minha. Obrigada por me acompanhar sempre.
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